O Rei africano (mecânico) que governa o seu reino a partir da Alemanha via Skype


Togbui Bansah estudou na Alemanha por iniciativa do avô. Quando este morreu, foi chamado a governar o reino de Hohoe, mas apaixonara-se por uma alemã e decidiu liderar à distância.

Togbui Bansah

Céphas Bansah tem 66 anos e vive em Ludwigshafen, cidade próxima de Frankfurt, na Alemanha. Durante o dia, ele é dono de uma oficina mecânica. Depois do expediente, vira rei Bansah, o líder de um povo de Gbi, distrito que fica na região leste do Gana, fronteira com Togo.

Com o auxílio de ferramentas como o Skype e e-mails, além de um trono localizado em sua sala de estar, a majestade realiza a mediação entre os antepassados de seu povo e os vivos, além de ajudar a solucionar disputas tribais.

O problema de ser um rei, mas viver como um cidadão comum é que Bansah acabou se tornando um alvo fácil para ladrões. Há alguns dias, divulgou o jornal britânico The Independent, sua casa na Alemanha foi invadida e foram roubadas coroas e joias que pertenceram aos seus avós.

Reinado

De acordo com informações em site oficial, apesar de todas as facilidades da vida moderna, Bansah visita sua terra várias vezes durante o ano para ter um contato direto com os desafios enfrentados por seus súditos no dia a dia.

A decisão de reinar longe de seu território foi tomada logo quando ele assumiu a coroa, no início dos anos 90. Acreditava que, da Europa, poderia ajudar mais.

Portanto, além de vídeo conferências, o rei desenvolve projetos de infraestrutura e busca apoio do governo alemão e da comunidade acadêmica para executá-los no Gana.

Bansah desembarcou na Alemanha nos anos 70, como estudante. Lá, conheceu sua esposa e decidiu se estabelecer. Com a morte de seu avô, em 1987, se tornou o único da família que poderia ocupar o posto de rei. Seu pai e irmão mais velho foram desconsiderados por serem canhotos, característica que é vista como negativa pelo povo da região.

Ewe

Togbe Ngoryifia Céphas Kosi Bansah é parte dos Ewe, um grupo étnico que vive no Gana, Benim e no Togo. Segundo ele, a estrutura deste povo é baseada na ajuda mútua entre os membros da comunidade. Terra e água, por exemplo, são gerenciadas e conservadas por todos.

As famílias são grandes, moram juntas e são sustentadas com a colaboração de pais, filhos, tios, avós e quem mais com eles viverem. As casas são feitas em barro e madeira. A poligamia existe e, por este motivo, as mulheres são incentivadas a trabalharem para serem independentes dos maridos.


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