Uma mulher espanhola de 70 anos tem conseguido controlar o VIH de forma espontânea, sem o recurso a fármacos antirretrovirais. A paciente tem apresentado uma carga viral indetectável há 15 anos e os cientistas acreditam que este exemplo de cura funcional poderá abrir caminho a um maior entendimento sobre a doença e destacam que foi possível descobrir qual é o mecanismo biológico deste feito.
A chamada ‘paciente de Barcelona’ foi diagnosticada em 2006 com uma infecção aguda do Vírus de Imunodeficiência Humana e começou a tomar a terapêutica habitual para o combate ao vírus, os antirretrovirais, mais tarde teve de ser incluída num ensaio clínico levado a cabo pelo Hospital Clínic de Barcelona, em Espanha, cujo objetivo era perceber o poder que o sistema imunitário tem no combate à acção do vírus.
Uma parte dos pacientes deste ensaio receberam apenas os antirretrovirais e a outra parte recebeu uma série de tratamentos imunomoduladores adicionais. A ‘paciente de Barcelona’ fez parte do grupo que recebeu imunossupressores e apresentou uma carga viral indetectável do vírus no plasma nove meses após parar com os antirretrovirais, deixando o seu sistema imunitário trabalhar por si.
A mulher foi a única no grupo de 20 a apresentar tais resultados e os cientistas decidiram aprofundar a questão e procurar qual o mecanismo biológico que está na origem da remissão da doença, onde descobriram que são as células que desencadeiam as respostas imunitárias. Os investigadores começaram por analisar os linfócitos T CD4+, que são o principal alvo do VIH e cuja função é auxiliar de outro tipo de células, e notaram que estes eram capazes de replicar o vírus, o que sugeria que a entrada do vírus nos linfócitos T CD4+ não causaria danos nos pacientes.
Após realizarem testes, os cientistas descobriram que eram as células chamadas ”Natural Killer” ‘assassinas naturais’, e também linfócitos T CD8+ as responsáveis pela resposta da paciente.
Segundo a CNN Brasil, há um outro paciente que conseguiu controlar o VIH de forma espontânea e através do sistema imunitário, mas ainda não são conhecidos detalhes.
O Vírus da Imunodeficiência Humana fica no organismo desde o primeiro momento do contágio e não há ainda uma cura, os medicamentos que são usados permitem manter o vírus latente e com uma carga viral indetectável, anulando o risco de contágio e de complicações, sendo a SIDA a mais gravosa, mas cada vez menos comum graças aos fármacos.