As autoridades angolanas abriram um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do médico angolano Sílvio Dala, ocorrida na semana finda, após ter sido detido pela Polícia.
Em nota de condolências, distribuída este domingo, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, confirmou a instauração do inquérito e de um processo-crime que corre trâmites na Procurador Geral da República (PGR).
Conforme o governante, pretende-se aferir o que terá ocorrido na esquadra, antes de o médico ter sido socorrido para o Hospital do Prenda.
Segundo o ministro, todos os procedimentos estão a ser observados para se imputar as responsabilidades àqueles que, eventualmente, tenham relação directa com a ocorrência.
Eugénio Laborinho sublinhou que se pretende determinar, também, as motivações que terão contribuído para o “desencadear dos resultados concluídos na autópsia do corpo do médico”.
A vítima perdeu a vida a caminho do Hospital do Prenda, depois de um mal-estar no interior de uma esquadra policial, no bairro do Rocha Pinto, distrito da Maianga em Luanda.
O pediatra padecia de uma doença de base (não revelada), que, segundo a autópsia, teria sido a causa principal do mal-estar e da morte.
Segundo a versão do Ministério do Interior, Sílvio Dala teria sido interpelado por um efectivo da Polícia Nacional, por não uso de máscara dentro da sua viatura, e convidado a ir à esquadra.
De acordo com o novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, o uso de máscara é obrigatório na via pública e no interior das viaturas, incluindo prssoais.
O desrespeito dessa norma é punível com multa, no valor de cinco mil kwanzas.
Segundo a versão do porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, o médico foi encaminhado para uma esquadra policial mais próxima, onde foram cumpridas todas as formalidades da elaboração do auto de notícia e a respectiva notificação de transgressão.
Pelo facto de esquadra não possuir mecanismo para o pagamento das multa de cinco mil kwanzas, disse, o médico ligou para alguém próximo para efectuar o respectivo pagamento e levar o comprovativo à esquadra.
Foi nesse período de espera, de acordo com o oficial comissário, que o cidadão começou a passar mal e desfaleceu (desmaiou), embatendo com a cabeça no chão.
O mesmo, afirma, foi prontamente posta numa viatura das forcas de defesa e segurança que a levava para o Hospital do Prenda, no mesmo distrito, onde veio a falecer durante o trajecto.
Esta versão, tornada pública pelo Ministério do Interior, tem levantado dúvidas em vários círculos da sociedade, gerando críticas sobre uma eventual má abordagem da Polícia.
As suspeitas, reproduzidas por várias figuras públicas, ganharam força depois da publicação de uma foto, nas redes sociais, em que o médico aparece no chão, em volta de bastante sangue.
O ministério da saúde também anunciou a instauração de um processo-crime com vista a esclarecer as circunstâncias reais em que ocorreu.