O médico angolano Jeremias Agostinho, considerou nesta sexta-feira, 20 de Maio, que o sector da saúde continua a ser um desafio e necessita de maior investimento no sistema primário, para evitar mortes, ainda lideradas pela malária, cujos números dispararam nos últimos dois anos.
Oespecialista de saúde pública falava hoje na II Conferência Nacional “Pensar Angola” sobre “Desafios e Oportunidades para o Sistema de Saúde Angolano”.
Segundo Jeremias Agostinho, o primeiro desafio a ser ultrapassado é a inversão da dotação orçamental para o sector da saúde, apesar de, nos últimos quatro anos, a tendência estar a mudar.
“Desde 2017 até 2022, o orçamento que é disponibilizado para o sector da saúde vai crescendo a cada ano. Infelizmente, e este é um desafio e o primeiro que tem de se combater, tem a ver com a execução do orçamento que é disponibilizado para o sector da saúde”, disse o médico.
O profissional da saúde acrescentou que quase nunca se atinge a execução de 100% do planificado para o sector, variando entre 60% e 70%.
“É preciso mudar isso, porque o nosso país assinou compromissos muito importantes, como a meta de Dakar, de Abuja, em como iria disponibilizar cerca de 15% do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o setor da saúde. Já atingimos um máximo de 6,1%, ou seja, falta-nos ainda 8,5% para atingirmos essa meta”, ressalta médicos.
Jeremias Agostinho considerou importante que a situação mude, tendo em conta as altas taxas de mortalidade que o país ainda regista, cuja principal causa é a malária.
“Em 2013, o nosso país diagnosticou mais de três milhões de casos de malária e esse número subiu, em 2019, para cerca de sete milhões de casos. Nos anos 2020 e 2021, esse número voltou a aumentar em torno de 50%, ou seja, nunca se identificaram tantos casos de malária como nesses anos”, avançou.
No que se refere às principais causas de mortalidade, Jeremias Agostinho apontou a malária, seguida da tuberculose e os acidentes de viação.
“Só em 2013, foram, no que concerne à malária, 7.300 pessoas que perderam a vida, em 2019 este número baixa de forma significativa, fomos obtendo bons resultados em relação à malária desde a crise que tivemos em 2016. Em 2016, foram, num único ano, mais de 16 mil pessoas que perderam a vida por malária e em 2019 este número baixou para cerca de oito mil”, frisou.
O médico lamentou que com a pandemia da covid-19 a maior parte do apoio tenha sido direcionado para esta doença, tendo as principais doenças “passado para um segundo plano”, provocando que, em 2020, fossem registadas 11 mil mortes por malária, subindo em 2021 para cerca de 13 mil.
Por: Fernandes de Almeida
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