Os procuradores do Ministério Público ameaçaram nesta quarta-feira (09), paralisar as actividades laborais a partir de 21 de março em protesto contra as precárias condições laborais e o silêncio do patrono, embora tenham manifestado abertura para o diálogo.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Magistrados do Ministério Público (SNMMP), José Buanga, a decisão de avançar com uma paralisação por um período de dez dias, entre 21 de março e 01 de abril de 2022, foi deliberada em assembleia extraordinária de outubro de 2021 e será cumprida se a tutela não atender aos pedidos.
“Há, de facto, a pretensão dos magistrados, por via do sindicato, de paralisar os trabalhos nesse período, em forma de protesto e não de greve, porque o nosso estatuto não nos permite fazer greve”, afirmou José Buanga em entrevista à Lusa.
As péssimas condições laborais, restrições dos seus direitos e regalias figuram entre as reivindicações dos magistrados angolanos, que lamentam igualmente o silêncio do presidente do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público em face das cartas remetidas.
As missivas sobre as “gritantes condições” em que os magistrados trabalham, explicou o presidente do SNMMP, foram remetidas com o conhecimento do executivo e da Assembleia Nacional.
“Cartas, onde também apontamos as possíveis soluções, que infelizmente para o nosso desagrado não tiveram qualquer resposta até hoje, mas em face disso, devemos levar a peito essa paralisação, mas dizer que a direção do sindicato está aberta a possíveis negociações com as autoridades competentes”, disse.
A paralisação, como observa José Buanga, é o último recurso que a classe recorreu para demonstrar o quão difícil tem sido a falta de comunicação e atenção até aqui.
Recorde-se que os magistrados do Ministério Público promoveram, em julho de 2021, manifestações a nível do país onde denunciavam o seu descontentamento fruto das “más condições” socioprofissionais.