Líder do Boko Haram nega trégua e diz que meninas sequestradas não serão libertadas


Líder do grupo extremista islâmico nigeriano Boko Haram, Abubakar Shekau negou que tenha concordado com um cessar-fogo com o governo do país africano. Ele ainda afirmou que as mais de 200 meninas sequestradas por eles se converteram ao Islã e casaram-se com membros do grupo.

Boko Haram

As informações foram divulgadas por ele num vídeo divulgado nesta sexta-feira, no qual ele descarta a possibilidade de ser feita uma troca de prisioneiros para libertar as meninas.

“Essa questão das meninas já ficou para trás porque elas já casaram há muito tempo”, ele disse, a sorridente, no vídeo. “Nesta guerra, não há como voltar atrás”, Shekau adicionou ainda.

No dia 17 de outubro, marechal da Força Aérea e chefe da Defesa da Nigéria, Alex Badeh, havia anunciado que o Boko Haram teria concordado com um cessar-fogo imediato para por fim na insurgência de cinco anos que já matou milhares de pessoas e expulsou centenas de milhares de suas casas na região nordeste da Nigéria. Mas os ataques e sequestros continuaram: esta semana, os extremistas atacaram Mubi, uma cidade com mais de 200 mil pessoas. Os conflitos continuaram na sexta-feira em Vimton, uma vila próxima onde Badeh nasceu.

Já Shakeau anunciou este mês que o Boko Haram deseja estabelecer um califado islâmico ao lado do EI, grupo que atua na Síria e no Iraque. Moradores que conseguiram fugir das áreas dominadas relatam que centenas de pessoas vem sendo presoas por infrações à versão extremista e mais rígia da Sharia (lei islâmica) nas vilas controladas pelo Boko Haram.

Em abril, o Boko Haram sequestrou 276 meninas numa escola em área remota da cidade de Chibok. O evento deu início a uma imensa campanha internacional de críticas ao governo da Nigéria por não ter agido rapidamente para libertá-las. Dezenas de meninas conseguiram escapar, mas 219 seguem desaparecidas.

Relatos não confirmados dão conta de que as meninas foram divididas em diversos grupos e algumas delas podem ter sido enviadas para outros países como Camarões e República do Chade.O governo afirmou que havia negociado com os líderes do Boko Haram no Chade, em conversas conduzidas pelo próprio presidente Idriss Deby, e que estavam confiantes de que as meninas seriam libertadas em breve. Mas o grupo tem muitas facções.

O anúncio de Shekau desacredita ainda mais o governo do presidente Goodluck Jonatha, que na última quinta-feira anunciou formalmente sua candidatura para as eleições em fevereiro de 2015. A Nigéria, com 160 milhões de pessoas, está dividida de forma praticamente igual entre muçulmanos que dominam o norte e cristãos no sul. A nação do oeste da África é a maior produtora de petróleo do continente e também sua maior economia.


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