Todas as semanas mais de dez mulheres sul–africanas são violadas na Cidade do Cabo para “curar a sua homossexualidade”. Sofrem as chamadas “violações correctivas”, muitas delas em grupo, segundo o i.
A maior parte destas mulheres, muitas delas residentes em zonas pobres da África do Sul, nem sequer apresentam queixa à polícia, conscientes de que as autoridades não fazem nada a esse respeito.
A ONG Action Aid calcula que são violadas 500 mil mulheres por ano no país, e que na esmagadora maioria os agressores ficam impunes.
Esta situação de impunidade de que são responsáveis as autoridades e a falta de reacção das populações a este tipo de agressão é contraditório com a legislação sexual na África do Sul, reputada a mais progressista da região. É o único país do continente que permite o casamento entre homossexuais, desde 2006, e um dos poucos em que a lei reconhece a igualdade no trabalho entre todos os cidadãos, independentemente da sua orientação sexual.
“A teoria é uma coisa, a realidade é outra. Temos uma das constituições mais progressistas de África, mas continuamos a sofrer de um número impressionante de crimes de ódio”, denuncia ao diário “Público” espanhol Ndumie Funda, dirigente e fundadora da organização Luleky Sizwe, que deste 2008 assiste mulheres que são vítimas deste tipo de crimes.
“Se o governo se importasse, poderíamos acabar com este tipo de crimes, tudo depende de quem manda no país”, denuncia a activista, que critica o facto de a legislação não considerar estas agressões crimes de ódio e as autoridades pouco fazerem para perseguir e castigar os seus autores.
Segundo a organização, de cada 25 homens que assassinam lésbicas e homossexuais, 24 saem em liberdade.
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