A galeria de arte angolana, Jahmek Contemporary Art, está a participar da feira internacional “Art Dubai”, que decorre desde sexta feira (11) e vai até 13 de Março, nos Emirados Árabes Unidos. A referida instituição está a expor o trabalho fotográfico de Kiluanji Kia Henda intitulado “A City Called Mirage”.
A referida galeria, apresenta-se como uma Plataforma/Galeria que, através do seu programa de exposições, propõe-se a promover o diálogo e o pensamento crítico em torno da expressão artística visual de Luanda, através do trabalho produzido pelos artistas que representa, tanto no panorama nacional como além-fronteiras.
Sediada na capital angolana, a Jahmek representa artistas como, Binelde Hyrcan, Délio Jasse, Helena Uambembe, Iris Buchholz Chocolate, Kiluanji Kia Henda, Mónica de Miranda, Rui Magalhães, Sacen, Sandra Poulson, Tiago Borges, Toy Boy, Verkron, e Yonamine.
Enquanto manifesto pessoal, por palavras dos seus fundadores, Mehak e Jardel Vieira, “A Jahmek representa a ligação tripartida do amor a arte e a vida. Experiência que inspira o convívio entre indivíduos num universo de diversidade cultural, intelectual e conceptual, onde a razão e a vontade de fazer acontecer consolidam a crença e a visão necessária na concretização dos nossos objetivos. Somos sociedade, acompanhamos sonhos e ilustramos vivências.”
Kiluanji Kia Henda estava no sul de Angola quando, ao atravessar uma cidade quase engolida pelas areias do deserto do Namibe, notou uma sinalética de metal enferrujado na qual estava escrita a palavra “Miragem”. A palavra, corroída pelo tempo, tornou-se de repente um símbolo, algo extremamente concreto e abstrato. A fotografia daquela placa viria a ser o ponto de partida para uma série de trabalhos que formaram “A City Called Mirage” – uma cidade chamada Miragem.
Em “A City Called Mirage”, Kia Henda lida com a ausência de linhas divisórias entre a cidade real e seu modelo 3D. As esculturas em forma de linhas metálicas parecem desenhos que se destacam da paisagem, silhuetas ou esqueletos de uma cidade imaginária. Kiluanji baseou estas esculturas lineares em sona, desenhos de areia comuns à cultura Lunda Tchokwe (do leste de Angola).
Durante um ano, Kiluanji participou num projeto internacional no qual produziu e colaborou com arquitetos, artistas, actores, músicos e técnicos de cidades como Amã, Dakar, Karachi, Lisboa, Luanda, Manila, Nova Iorque, Paris, Rio de Janeiro, Sharjah e Windhoek. “A City Called Mirage” é uma exposição complexa que explora abordagens originais a um tema recorrente nos últimos tempos.
A Kiluanji usa a ficção (científica e mitológica) e a ironia como formas de transcender o pessimismo da hipercrítica e a estética da ruína. Através do humor nos conscientizamos do quão efêmeras são as maiores construções humanas: todas as cidades serão novamente reduzidas a matérias-primas, assim como os metais retirados do solo voltarão a se fundir nele.
Sobre Kiluanji Kia Henda:
É um autodidata que nasceu em Angola em 1979, vive e trabalha em Luanda. Vem de uma família de entusiastas da fotografia. A sua vanguarda conceptual foi aguçada mergulhou na música, no teatro e na colaboração com um colectivo de artistas emergentes na cena artística de Luanda. Em sua prática, usa a arte como método de transmissão e construção da história. Mais do que juntar as peças de um quebra-cabeças de episódios históricos diversos, Kia Henda explora a fotografia, o vídeo, a performance, a instalação e o objeto-escultura para materializar narrativas fictícias e deslocar os fatos para diferentes temporalidades e contendas.
Usa o humor e ironia, interfere em temas como identidade, política, percepções do pós-colonial e do modernismo na África. Trabalha de forma pervertida na cumplicidade com um legado histórico, Kia Henda vê o processo de apropriação e manipulação dos espaços e estruturas públicas como diferentes representações que fazem da memória coletiva, como uma tese relevante de suaconstrução estética.