A Islândia é, pelo quinto ano consecutivo, o país número um no que toca à igualdade de género, segundo o ranking anual do Fórum Económico Mundial, a que a BBC teve acesso.
Há cincos anos que a Islândia é sinalizada no ranking do Fórum Económico Mundial como o país com menos desigualdade de género, de acordo com a BBC.
A islandesa Annadís Rudolfsdottir ainda se lembra do dia que mudou a vida de diferentes gerações de mulheres do seu país.
“Senti que, com 11 anos, havia me tornado feminista”.
Tudo começou em 24 de outubro de 1975, quando 90% das mulheres islandesas saíram à rua para protestar contra os baixos salários e a falta de reconhecimento do seu papel na sociedade.
Actualmente, no país que teve a primeira presidente eleita democraticamente no Mundo, 82,6% das mulheres em idade economicamente activa trabalham e respondem por 45,5% da força de trabalho. As mulheres islandesas têm, também, uma das taxas de fertilidade mais altas da Europa, com 2,1 filhos por mulher.
A explicação pode estar no acesso a creches de baico custo e ampliação da licença de paternidade aquando do nascimento de um filho. No total, o casal tem nove meses de licença.
Segundo o professor de Estudos Sociais em Reikjavík, Thordur Kristinsson, “se um pai não usufrui de três meses de licença em casa, as pessoas estranham e encaram-no como irresponsável”.
Mas para Annadís Rudolfsdottir, uma feminista, ainda há muito a fazer. “A diferença de salários entre homens e mulheres é de cerca de 10% e uma pesquisa recente com três mil mulheres revelou que 24% delas dizem ter sido vítimas de violência sexual pelo menos uma vez desde os 16 anos”, lamentou.
Igualdade total, nem na Islândia
O ranking do Fórum Econômico Mundial combina as pontuações de cada país em diferentes áreas, como empoderamento político, educação e saúde.
Cerca de 70% dos graduados são mulheres, ainda que a proporção seja bem menor em áreas como engenharia. Na política, as mulheres ocupam 405 dos assentos no Parlamento e 50% dos ministérios.
As conquistas do país nórdico nas área de educação e política colocam-no no topo da lista, mas uma das autoras do relatório, Saadia Zahidi, diz que é preciso investir mais na área da saúde.
Para Annadís Rudolfsdottir, ainda há muito por fazer. “A diferença de salários entre homens e mulheres é de cerca de 10% e uma pesquisa recente com três mil mulheres revelou que 24% delas dizem ter sido vítimas de violência sexual ao menos uma vez desde os 16 anos.
Que lição podem tirar os governos da América Latina do exemplo islandês?
“América Latina é a região em que mais países conseguiram fechar as brechas que existem entre homens e mulheres nas áreas de saúde e educação”, disse Zahidi.
“Das mulheres em idade universitária, 29% conseguem completar o ensino superior, em comparação com 22% dos homens”.
A analista do Fórum Econômico mundial recorda que há muito tempo os países nórdicos reconheceram que que não podem ser competitivos se não aproveitarem todo o talento disponível na sociedade.
As mulheres da América Latina têm a oportunidade de mudar as estruturas necessárias para poder combinar trabalho e criação dos filhos, assim como nos países nórdicos.
Do contrário, os países latino-americanos correm o risco de ficaram estancados em uma situação similar à do Japão, onde as mulheres vão à universidade como os homens, mas não se veem em posição de liderança “, indicó.
Para Annadís Rudolfsdottir, além do exemplo da Islândia, é preciso olhar para dentro.
“Eu começaria por perguntar às próprias mulheres de cada país na América Latina que obstáculos concretos estão impedindo sua maior participação no mercado de trabalho”.