Inundações levam moradores do Rangel a abandonar as casas


Viver no Rangel virou um acto de coragem. De zona urbanizada passou a ser lastimável enfrentar uma área pantanosa. Ultimamente a água percorre no interior das casas e quintais, mesmo sem chuva. A solução tarda a chegar, por esta razão, muitos moradores preferem abandonar as residências.

Rangel

Apesar de ser um dos bairros mais emblemáticos de Luanda e berço de figuras históricas do nacionalismo angolano, hoje, a água tomou conta das ruas, casas e escolas. Para muitos, resistir às dificuldades no interior da própria casa é sinónomo de amor pelo bairro, mas para outros, ficar no Rangel é sinal de falta de possibilidade por não ter aonde ir.

“Até hoje se continuo aqui é porque não tenho outro sítio para ficar”, lamentou Rosita Francisco de 53 anos, moradora da rua da TAAG, que em menos de 10 anos viu três dos seus vizinhos a abandonarem as suas casas, rumando para outros bairros da cidade de Luanda.

Circular de carro nas ruas da Vaidade, TAAG, Dona Amália, Povo, assim como no perímetro que dá acesso ao Mercado Novo, só de camiões ou de viaturas com tracção integrada. Esta realidade leva muitos moradores a estacionar os carros, uma distância considerável e caminharem a pé até a casa.

A evacuação das águas com baldes do interior das residências, quintais e em áreas adjacentes, tem sido uma tarefa que se repete horas a fio diariamente em quase todas as ruas.

Para piorar a situação, o bairro não tem esgotos, sendo que as poucas passagens de água existente é resultado do esforço da própria população que pouco pode fazer para diminuir as dificuldades porque passam.

Retirar a água que nasce no interior de casa por meios próprios é uma ginástica efectuada por Domingas Alexandre há mais de 15 anos, exercício que se multiplica quando a chuva cai. Tia Minga, como é conhecida pelos mais próximos, está igualmente preocupada com o surto de doenças a que os moradores do Rangel estão sujeitos em função do deficiente saneamento básico, tal como o acumular de lixo, o cheiro nauseabundo e o lamaçal provocado pelo movimento dos carros.

Por:O Pais


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