A injeção de divisas nos bancos comerciais mais do que duplicou na última semana, para 275 milhões de dólares, sobretudo para garantir necessidades de importação de alimentos e pagamento de salários de trabalhadores expatriados.
A informação resulta do relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do Banco Nacional de Angola (BNA), ao qual a Lusa teve hoje acesso, relativamente à venda de divisas entre 19 e 23 de outubro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,980 kwanzas (89 cêntimos de euro), praticamente inalterada face à semana anterior.
Neste período, o BNA vendeu 274,9 milhões de dólares (249,5 milhões de euros) valor que compara com os 123,1 milhões de dólares (111,7 milhões de euros), injetados na semana anterior, um aumento superior a 120%.
“Este volume de divisas destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária”, sublinha o BNA, na mesma informação.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica, face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.
Do total de divisas vendidas à banca, 82,9 milhões de dólares (75,2 milhões de euros) destinaram-se, segundo o BNA, a cobrir as “necessidades gerais dos bancos comerciais”. Acrescem 106,7 milhões de dólares (96,8 milhões de euros) para a cobertura de operações de aquisição ao exterior de bens alimentares e pagamento de salários de trabalhadores expatriados.
Foram ainda assegurados 46,9 milhões de dólares (42,5 milhões de euros) para “operações de viagens e remessas de dinheiro ao exterior do país, de natureza de ajuda familiar”.
Atualmente, e tal como nos últimos meses, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, com o mercado paralelo, de rua, a apresentar taxas de câmbio a rondar os 200 kwanzas por cada dólar – em queda face a semanas anteriores -, para compra de moeda estrangeira.
A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
“A procura [de divisas, na banca comercial] não diminuiu. O problema é que eu, pessoalmente, acredito que nem toda a procura de divisas é legítima. Portanto, quando nós pudermos ter uma procura legítima, de certeza que não vai haver falta de divisas”, afirmou, por seu turno, a 25 de julho, o governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior.