O vírus Sars-CoV-2, causador da Covid 19, usa um mecanismo de camuflagem a fim de se esconder da resposta do sistema imunitário. Dois cientistas identificaram duas proteínas que se ligam ao revestimento usado pelo vírus para esse fim e impedem a infeção.
Cientistas do Instituto de Biotecnologia Molecular da Academia Austríaca de Ciências identificaram duas proteínas que se ligam ao revestimento de açúcar da proteína Spike e impedem a entrada de carga viral nas células. A proteína Spike, utilizada pelo coronavírus como meio de entrar nas células, tem um mecanismo de camuflagem para se esconder da resposta do sistema imunitário e foi com base neste conhecimento que a equipa, liderada por Josef Penninger, diretor do Instituto para as Ciências da Vida da Universidade da Columbia Britânica, em Vacouver, no Canadá, se lembrou de procurar proteínas que se liguem a esse revestimento, semelhante em todas as variantes em circulação, e decidiram testar a glicoproteína lectina.
A investigação testou dados de mais de 140 lectinas de mamíferos, identificando que duas delas se ligam à proteína Spike do SARS-CoV-2: a Clec4g e a CD209c.
“Agora temos ferramentas à disposição que podem ligar-se à camada protetora do vírus e, assim, bloquear a entrada do vírus nas células”, revelou Stefan Mereiter, co-autor da investigação, que pode resultar na descoberta de um escudo de imunidade contra o SARS-CoV-2. O estudo envolveu várias técnicas de pesquisa de última geração, que permitiram investigar pormenorizadamente como ocorre a ligação da lectina.
As conclusões indicaram que as duas lectinas diminuíram o grau de infeção do SARS-CoV-2 das células pulmonares humanas e tornam a proteína Spike instável, revelando que os vírus com alterações nesse local de ligação não eram infecciosos.