HIV/Sida afecta 2% da população angolana, aponta relatório do INLS


Assinala-se hoje em todo o mundo o Dia Mundial de Luta contra a SIDA que, tal como a Covid-19, acabou por mostrar as desigualdades no acesso à terapia medicamentosa para lidar com a doença. Cerca de dois por cento da população angolana, que é equivalente a aproximadamente 35 milhões de habitantes, é portadora do VIH/Sida, segundo o inquérito de indicadores múltiplos de saúde, feito entre 2015 e 2016.

Os dados foram fornecidos pela directora do Instituto Nacional de Luta Contra Sida (INLS), Maria Furtado, no lançamento da campanha “Mensagem de voz  do projecto, Nascer livre para brilhar”.  Acrescentou que, apesar do INLS trabalhar com esta taxa de dois por cento, tendo em conta o tempo (cinco anos), é possível que o número já tenha aumentado. Por isso, a instituição fará outros estudos, para se saber qual é o real estado da doença no país, porque, segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), estes estudos devem ser feitos de quatro em quatro ano.

“Devido à pandemia da Covid-19, não foi possível respeitar-se o tempo estipulado e tudo está a ser feito para que os trabalhos comecem e se defina bem qual é a taxa de prevalência em Angola”, sublinhou.

Maria Furtado deu a conhecer que no país existem cerca de 28 mulheres grávidas seropositivas, mas, infelizmente, nem todas estão a ser acompanhadas e devidamente medicadas, tendo em conta que muitas não aparecem nas consultas e chegam, inclusive, a fazer os partos em casa.

A directora do INLS explicou que, de Janeiro a Setembro do corrente ano, a instituição registou 14.460 casos positivos de VIH em mulheres grávidas e todas estão a ser devidamente acompanhadas pelo Programa de Corte de Transmissão Vertical, que permite que mães seropositivas possam dar à luz bebés saudáveis. O programa, acompanha as mulheres desde os três meses de gestação até aos 24 meses de vida do bebé e, durante este período, é feita a administração de retrovirais, para impedir que as mães passem o vírus aos bebés durante a nascença ou o período de amamentação.

“É importante que se cumpra à risca o processo de medicação, porque a ciência já mostrou que um seropositivo que usa regularmente o retroviral tem poucas ou quase nenhuma possibilidade de transmitir o vírus a alguém”, sublinhou a médica.

Por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Sida, que hoje se assinala, a cantora Yola Semedo, embaixadora da campanha “Nascer livre para brilhar”, disse que, com a sua voz, vai continuar a trabalhar para sensibilizar a população, em especial as mulheres grávidas, no sentido de conhecerem o seu estado serológico, para que todas as crianças possam ter a possibilidade de nascer livres do HIV/Sida, diz ser importante que as mulheres saibam que o VIH/Sida existe e, acima de tudo, que há tratamento gratuito, para que mais ninguém seja infectado ou morra tanta gente com a doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) dá conta que, actualmente, cerca de 37 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV, das quais mais de dois milhões são adolescentes, do número de infectados, 22 milhões estão em tratamento.

De acordo com a OMS, sem uma acção eficaz que acabe com as desigualdades existentes no mundo, será impossível alcançar o objectivo de acabar com a Sida até 2030.

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