Ao investigar a história de sua família, a britânica Ann Hunt, de 78 anos, descobriu algo surpreendente, de que jamais havia suspeitado: tinha uma irmã gêmea.
Ann e sua irmã idêntica, Elizabeth Ann Hamel, foram separadas quando tinham apenas cinco meses e só voltaram a se encontrar na última quinta-feira (1º), na localidade de Fullerton, na Califórnia.
As duas irmãs se abraçaram longamente e fizeram pose para os fotógrafos que acompanharam o encontro.
Estavam visivelmente emocionadas.
As gêmeas nasceram na localidade de Aldershot, em fevereiro de 1936. Sua mãe era a cozinheira Alice Alexandra Patience Lamb, de 33 anos, e seu pai servia no Exército Britânico.
Eles não eram casados e, sem apoio para cuidar das gêmeas, Alice resolveu entregar pelo menos uma delas para adoção.
Como Elizabeth nasceu com escoliose – uma deformidade da coluna vertebral – a cozinheira achou que seria mais difícil para uma família aceitá-la, então resolveu ficar com a bebê.
Ann, que originalmente se chamava Patrícia Susan, foi adotada por um casal de Aldershot – Hector e Gladys Wilson – e cresceu como filha única, sem saber que tinha uma irmã.
Já Alice e Elizabeth moraram primeiro na cidade de Berkhamsted, depois em Londres, e, após a cozinheira se casar com um homem chamado George Burton, acabaram se mudando para Chester, também na Inglaterra.
Elizabeth ficou sabendo que tinha uma irmã quando era adolescente e, aos 15 anos, se alistou na Marinha Britânica, sendo envianda para a ilha de Malta.
Foi lá que ela conheceu seu marido, Warren ‘Jim’ Hamel, um páraquedista do exército americano.
Eles se casaram em 1964 e se mudaram para o Oregon, no noroeste dos Estados Unidos, onde criaram seus dois filhos, Quinton e Jeff.
Reencontro
Em 2001, quando a mãe adotiva de Ann morreu, a britânica resolveu obter uma cópia de sua certidão de nascimento.
No papel, viu que sua mãe biológica era Alice, mas não havia nada sobre uma irmã gêmea.
A filha mais nova de Ann, Samantha, resolveu ajudá-la a buscar suas raízes. Colocou anúncios no jornal local, investigou listas eleitorais e começou a procurar informações em fóruns de internet.
Ela conseguiu descobrir que Alice, morta em 1980, tinha se casado aos 49 anos com Burton na cidade de Chester e tinha um enteado chamado Albert.
Após mais de uma década de investigações, Samantha descobriu que Albert tinha morrido em 2013, mas conseguiu encontrar seu filho.
Foi ele quem lhe disse que Elizabeth vivia nos Estados Unidos e tinha uma irmã gêmea.
Em abril do ano passado, a britânica estava verificando sua caixa de e-mail em sua casa no Oregon, quando deparou-se com uma mensagem de Aldershot que começava da seguinte maneira: ‘Estou escrevendo porque busco uma conexão familiar…’ Já sabia do que se tratava.
Em questão de minutos as duas irmãs gêmeas, que tinham sido separadas por quase oito décadas, já estavam se falando no telefone. E nos meses seguintes, conversaram bastante por Skype.
A família de Elizabeth contactou Nancy Segal, diretora do Centro de Estudos de Gêmeos da Universidade do Estado da Califórnia, em Fullerton, que obteve o financiamento para o reencontro das gêmeas.
“Estou muito feliz por finalmente ter conseguido reencontrar minha irmã”, Elizabeth disse à BBC, logo após o encontro.
“Foi como comemorar meu aniversário e o Natal ao mesmo tempo”, definiu Ann, que pegou um avião pela primeira vez na vida para encontrar Elizabeth.
“Sempre quis uma irmã e agora eu tenho. Quero passar um tempo com ela, para que ela me conte coisas sobre nossa mãe e me diga como era quando jovem, para ver se nos parecemos. Por enquanto já sei que temos algo em comum: meu marido se chamava Jim e o seu também.”
As gêmeas passarão um tempo em Fullerton para participar de um estudo conduzido por Nancy Segal sobre gêmeos criados em lares separados.
“Esse é um caso único, porque elas ficaram separadas por mais tempo que qualquer outro par de gêmeos no mundo”, explicou Segal à BBC.
Quando o estudo terminar, Elizabeth levará Ann e sua filha para o Oregon para que elas conheçam sua família.