Foto que venceu World Press Photo terá sido manipulada


A acusação é grave e põe em causa a credibilidade do mais importante concurso de fotografia jornalística do mundo: o fotógrafo Paul Hansen, que ganhou o World Press Photo deste ano, terá construído a sua imagem a partir de três fotografias distintas, uma prática condenada pelos códigos deontológicos da profissão e que poderá resultar na sua desclassificação.

A fotografia de Hansen, que mostra homens palestinianos a transportar crianças mortas durante um ataque da avião israelita em novembro de 2012, é assim uma composição de imagens e não o retrato de um instantâneo que realmente aconteceu, como determinam as regras do concurso. Para adensar os problemas, o fotógrafo ainda não entregou à World Press Photo o ficheiro RAW da sua imagem, única forma de provar que a fotografia que levou a concurso foi efectivamente realizada.

Algumas análises efetuadas por especialistas em manipulação digital não deixam qualquer dúvidas sobre o tratamento a que a foto de Hansen terá sido sujeita, até porque o ficheiro entregue para o concurso revela várias incongruências não explicadas até ao momento: a foto foi tirada às 9h39 GMT+1 do dia 20 de fevereiro e foi depois composta com outras duas fotos no dia 4 de janeiro de 2013. A foto foi ainda gravada noutro ficheiro no dia seguinte à atribuição do prémio da World Press Photo.

“Não consigo dizer qual é a imagem ou imagens originais, mas posso dizer que esta fotografia não é original”, escreve no blog Hacker FactorNeal Krawertz, doutorado em Ciências da Computação e reputado especialista em análise de imagens. “Mais, aparenta ter sido modificada especialmente para este concurso”.

Krawertz junta a sua voz a outros especialistas que, nos últimos meses, têm posto em causa a autenticidade da fotografia de Paul Hansen. E, para além do problema da composição de várias fotos, Krawertz aponta ainda discrepâncias entre as sombras que aparecem na imagem e a hora do dia a que a foto terá sido tirada. Segundo ele, àquela hora do dia o Sol deveria estar muito mais baixo do que as sombras na fotografia aparentam, pelo que esta é mais uma explicação que Hansen terá de dar.

A conclusão de Krawertz é arrasadora: “A foto de Hansen é uma composição. O World Press Photo deste ano não foi dado a uma fotografia, mas a uma composição digital que foi significativamente retrabalhada”.

Fonte: RTP

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