Escritor saudita incita seguidores no Twitter a molestar as mulheres


O alvo são as trabalhadoras em caixas de supermercado e o intuito é que sejam desestimuladas a fazê-lo. Arábia Saudita já permite que as mulheres trabalhem no comércio público.

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Um escritor saudita começou uma campanha através do Twitter para estimular os seus seguidores a molestarem mulheres que trabalhem como caixas em supermercados. Abdullah Mohammed al-Dawood sustenta que, desta forma, elas sentir-se-ão obrigadas a deixar de trabalhar e permanecerão em casa.

Al-Dawood, que é escritor de livros de autoajuda, possui mais de 98 mil seguidores na rede social. Esta semana, com a hastag #harass_female_cashiers (#moleste_mulheres_caixas, em tradução literal do inglês), começou a campanha que visa manter as mulheres em casa para proteger a castidade.

O escritor inspirou-se numa antiga e obscura história do islamismo, como relata o “Financial Times”. Um famoso guerreiro chamado Alzubair não queria que a esposa saísse de casa para rezar na mesquita. Então, uma noite, escondeu-se numa rua e molestou-a à sua passagem. Assustada com o ataque e sem conseguir identificar o agressor, e mulher correu para casa e decidiu que não sairia nunca mais, dizendo que “não há lugar mais seguro do que nossa casa e que o mundo lá fora é impuro”.

Ainda de acordo com o mesmo jornal, a campanha de Al-Dawood dividiu opiniões. Alguns seguidores apoiaram a iniciativa e declararam ser contra a criação de uma lei contra o assédio sexual em locais de trabalho. Um dos seguidores chegou a dizer que uma lei como esta “só incentivaria a libertinagem consensual”.

Mas também houve quem se levantasse contra a iniciativa de Abdullah Mohammed al-Dawood. A bloguista americana Susie Khalil, que vive na Arábia Saudita e é casada com um cidadão local, classificou a atitude como um retrocesso. No seu blogue , declarou que o escritor “deveria ser preso por promover violência contra mulheres”.

Durante anos, as mulheres sauditas trabalharam em locais segregados e fechados e só recentemente foram autorizadas a trabalhar em lojas e locais públicos.

Fonte: Expresso


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