O Entreposto Aduaneiro de Luanda começou quarta-feira a vender farinha de trigo diretamente a industriais de panificação, no âmbito de um programa estatal que prevê a chegada de encomendas quinzenais daquela matéria-prima para tentar baixar o preço do pão.
A primeira remessa de farinha de trigo prevê a distribuição de 40 contentores, cujo saco será vendido a menos de 10.000 kwanzas (53,60 euros), de forma a acabar com a escassez do produto. Esta situação, além do aumento do preço do pão também tem provocado enormes filas em padarias por toda a capital.
Um pão pequeno que antes custava à volta de 20 kwanzas (10 cêntimos de euro) chega a valer agora entre 70 a 100 kwanzas (37 a 53 cêntimos), enquanto um cassete, maior, passou para o dobro, 100 kwanzas.
“Os números [quantidades de farinha] neste momento não são os necessários e suficientes. Mas, se conseguirmos manter e sustentar este programa de aquisição de farinha de trigo, deixará de haver constrangimentos ao nível do preço do pão. De 15 em 15 dias teremos sempre farinha a chegar”, explicou o presidente do conselho de administração da empresa, Jofre Van-Dúnem.
A medida abrange os 59 industriais de Luanda reconhecidos pela associação do setor, que assim terão acesso a farinha de trigo a menos de um terço do custo praticado atualmente por alguns fornecedores.
É que devido às alegadas dificuldades na importação de farinha de trigo, pela falta de divisas, o custo deste produto subiu em flecha.
Em média, o preço do saco de 50 quilos de farinha trigo passou de cerca de 3.000 kwanzas (16 euros) para quase 30.000 (161 euros), em menos de dois meses, com os fornecedores a alegarem dificuldades de importação, por falta de divisas tendo em conta a crise que Angola atravessa.
A partir de outubro a venda da farinha de trigo será alargada a outros profissionais, admite a administração do Entreposto Aduaneiro de Luanda.
Criado em 2002, o entreposto assume a função de gestor da reserva estratégica do Estado, tentando manter estabilidade dos preços do mercado, afetada nos últimos meses pelas consequências da crise provocada pela quebra nas receitas petrolíferas.
Lusa