Engenheiro Ricardo Silva fala sobre fraudes bancárias, quais as mais comuns em Angola e como evitá-las


O aumento exponencial da oferta de produtos e serviços financeiros digitais trouxe para o sector bancário o desafio de torná-lo ainda mais seguro. Tendo isso em conta, o Angorussia entrevistou o Engenheiro de Tecnologia de Informação e Sistema de Comunicação, Ricardo Silva, para saber o que são fraudes bancárias, quais são as mais comuns em Angola, e como escapar delas.

Durante a conversa mantida com Ricardo Silva, foi possível obter informações valiosas sobre como funcionam as fraudes bancárias que têm como vítima consumidores e instituições financeiras, de que forma as instituições podem dar respostas no combate ao uso indevido de dados pessoais e sigilosos na internet e, até que ponto os  bancos têm responsabilização quando acontece uma fraude.

O engenheiro começou por dizer que estando a população num processo de inclusão financeira, é importante instruir os clientes bancários na forma como devem usar os novos meios de pagamentos, já que o mal uso destes causam grandes prejuízos financeiros.

Questionado sobre quais são as fraudes bancárias mais comuns registadas em Angola, Ricardo Silva disse inicialmente que assim como a tecnologia, a actividade criminosa está em constante inovação, principalmente no meio digital e que em Angola, com a tecnologia e a digitalização cada vez mais presente nos serviços bancários, que se intensificou principalmente após o início da pandemia, os golpes digitais têm aumentado cada vez mais.

“As fraudes mais comuns em Angola são: Engenharia social, que é composta por (Phishing, smishing e vishing) que também é conhecida como pescaria digital, em que normalmente os golpistas se fazem passar por funcionários bancários e pedem informações sigilosas dos clientes como uma actualização dos dados da conta, cartões, senhas e outras informações. Por exemplo, quando surgiu no mercado o Multicaixa Express, com as inúmeras falhas de segurança, muitos foram vítimas de golpes de engenharia social. Man-in-the-Middle, que em tradução livre significa “homem no meio”, que  é um ataque voltado à interceptação da comunicação entre dois hosts por um agente malicioso, que pode manipular o tráfego interceptado de diversas formas.  Alguns Bancos da praça nacional, já foram vítimas deste ataque”, disse o profissional.

No que diz respeito à responsabilização dos bancos quando acontece uma fraude, o engenheiro foi claro em frisar: “Bem, os bancos respondem objetivamente pelos danos sofridos por clientes que forem vítimas de fraudes bancárias, todavia, esse entendimento é aplicado quando o banco é enganado por um terceiro que se faz passar pelo cliente ou quando a fraude decorre de uma falha na segurança digital do banco/sistema bancário. Entretanto, é preciso perceber que há entendimentos judiciais que não consideram o banco responsável quando a culpa pela fraude é exclusiva do cliente e não houve falha na prestação do serviço ou no sistema bancário”.

Ricardo Silva disse ainda que “há muita falta de informação por parte dos clientes bancários, e que grande parte dos golpes já analisados tiveram como conclusão esse ponto específico. Porém, disse também que há algumas vulnerabilidades no sistema bancário angolano, sendo que o país está numa fase de desenvolvimento de Banca Digital, e é comum existirem tal vulnerabilidades durante esse processo.

“As instituições financeiras devem investir no sistema e sobretudo nos seus  recursos humanos, muitos funcionários pouco dominam sobre segurança e são os grandes responsáveis por instruir os seus clientes sobre como devem usar os serviços bancários”.

Como cliente, existem diversas formas de escapar de fraudes bancárias, começando por evitar a partilha de dados bancários e de dispositivos electrónicos com acesso às credenciais bancárias, conforme afirma Ricardo Silva.

“Em Angola é muito comum as pessoas partilharem  IBAN,  o mesmo tem vários detalhes que os criminosos podem usar para começar as suas acções, e essa prática tem facilitado muitas delas”, destacou.

No final da conversa, o engenheiro fez algumas recomendações para que a população e especificamente clientes bancários não caiam em fraudes bancárias:

  • Não aceder à links cuja fonte é duvidosa;
  • Os bancos nunca solicitam os seus dados bancários ou credenciais por email, chamada ou sms, quando isso acontecer, nunca forneça-os;
  • Não baixar arquivos ou aplicativos sem verificar a sua origem;
  • Sempre que uma vítima sofre um golpe de fraude bancária, o primeiro passo recomendado é: Comunicar o Banco para que este faça um bloqueio de todos os cartões e movimentações bancárias, a fim de evitar um prejuízo financeiro. É essencial que a vítima faça uma participação de ocorrência na esquadra de polícia mais próxima, pois será necessária uma investigação para que os criminosos sejam presos e a vítima possa ser indemnizada.

 

 

 


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