O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) considerou pertinente a suspensão de direitos aduaneiros na importação de alguns produtos da cesta básica, admitindo, no entanto, que a medida “não deverá reduzir, mas manter o preço dos produtos”.
Em declarações à Lusa, José Severino aplaudiu a medida, considerando-a pertinente e útil, mas, observou que a mesma “não vai chegar para reduzir preços, porque os preços no mercado internacional continuam em alta”.
“As produções em muitos sítios baixaram e os preços sobem naturalmente, por isso aquilo que subiu dificilmente será compensado numa perspetiva de redução efectiva. Provavelmente o que vai é conter o nível de preços”, afirmou o líder da AIA.
O Conselho de Ministros angolano aprovou na terça-feira a isenção temporária de direitos aduaneiros na importação do arroz, da carne de porco, da carne seca de vaca, coxa de frango, do grão de milho, óleo alimentar e leite em pó visando a redução dos preços desses produtos.
Os cidadãos e demais atores da sociedade civil angolana lamentam a subida exponencial dos preços dos produtos da cesta básica face à perda do poder de compra da população devido à desvalorização do kwanza.
José Severino, também economista, considerou, por outro lado, que o país precisa de fazer uma “correção dos preços dos produtos”, cuja depreciação da moeda nacional concorreu para o aumento dos preços no mercado.
“Tivemos uma variável que foi a depreciação da moeda, que acabou de certa maneira, nos produtos de importação, por exponenciar preços, e temos estado a discutir com o executivo a forma de reduzir o preço ao consumidor”, disse.
Segundo o presidente da AIA, um outro instrumento que deve implicar na redução dos preços dos produtos é a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), fixado em 14%, que no seu entender “acaba por ser um imposto em cascata”.
O responsável justificou: “Importamos o trigo ou o milho e pagamos IVA, na sua transformação também se paga o IVA e isso é muito pesado para o atual nível de capacidade de consumo ou atual nível salarial”.
“E, então, estamos a propor que neste momento o IVA passa para 1% nos bens da cesta básica”, defendeu.
A suspensão de tarifas aduaneiras a produtos da cesta básica “é um passo importante, mas, provavelmente, a medida é saia curta para resolver o problema da redução dos custos, provavelmente os custos vão se manter ao mesmo nível”, insistiu ainda José Severino.
Lusa