O valor médio do dólar nas ruas de Luanda voltou a descer, chegando hoje aos 490 kwanzas (2,60 euros), uma quebra superior a cinco por cento numa semana, constatou a Lusa numa ronda pela capital angolana.
Este preço contrasta com os 520 kwanzas cobrados nos mesmos locais há cerca de uma semana, naquela que foi a primeira subida da nota norte-americana em cerca de um mês.
O preço praticado no mercado de rua permaneceu próximo dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos acima dos 630 kwanzas em junho, embora com pontuais flutuações semanais, mas ainda cerca de três vezes acima da taxa oficial de câmbio.
A descida da última semana foi explicada à Lusa pelas ‘kinguilas’ de Luanda, como são conhecidas estas mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, pela falta de kwanzas (moeda nacional) no mercado. Esta descida acontece numa altura de sucessivos aumentos na injeção de divisas na banca, em curso pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
A Lusa encontrou hoje quem vendesse a nota de um dólar, no bairro do São Paulo, a 490 kwanzas, o mesmo preço praticado pelas ‘kinguilas’ do bairro dos Mártires de Kifangondo, pelas do Maculusso, igualmente no centro de Luanda, e também na Mutamba.
O BNA vendeu cerca de 900 milhões de euros de divisas aos bancos comerciais em agosto e 930 milhões de euros em julho, valores máximos de 2016. Só em setembro, o banco central angolano vendeu à volta de 1.000 milhões de euros em divisas aos bancos.
Aos balcões dos bancos ainda persistem as dificuldades no acesso a divisas – devido à crise que afeta o país, decorrente da quebra nas receitas petrolíferas -, levando clientes a optarem pelo mercado de rua, apesar de taxas de câmbio, que ainda são três vezes superiores à oficial (166 kwanzas).
São preços especulativos que, em muitos casos, como para os trabalhadores expatriados, é a única forma de ter acesso a divisas no atual contexto de crise económica, financeira e cambial.
Lusa