O preço para comprar uma nota de dólar norte-americano nas ruas de Luanda voltou a descer na última semana, sendo hoje comercializada a menos de 400 kwanzas (2,25 euros), renovando mínimos do ano.
Trata-se de uma nova quebra, de quase cinco por cento, na cotação média do mercado informal, no espaço de uma semana, segundo as rondas habituais realizadas pela Lusa e numa altura em que persistem limitações no acesso a divisas nos bancos, mesmo nas contas em moeda estrangeira.
Este novo mínimo contrasta com o pico de 500 kwanzas (2,85 euros) por cada dólar dos primeiros dias de janeiro e os cerca de 420 kwanzas (2,40 euros) na semana passada.
Na ronda feita hoje pela Lusa, as ‘kinguilas’ de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, atividade ilegal, apontam para novas descidas nos próximos dias, embora sem explicações objetivas.
Apesar dos preços especulativos, ainda três vezes acima da taxa de câmbio oficial, face às dificuldades na banca o negócio de rua ainda é uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas.
A venda de cada dólar está hoje fixa nos 400 kwanzas no bairro do São Paulo (415 kwanzas na semana anterior) e nos 390 kwanzas no bairro dos Mártires de Kifangondo (410 kwanzas na anterior). Na Mutamba, a nota de dólar norte-americano é transacionada a 400 kwanzas (420 kwanzas na anterior), enquanto as ‘kinguilas’ do Maculusso a vendem a 410 kwanzas (440 na anterior).
Face à falta de dólares, estas taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho.
O Banco Nacional de Angola (BNA) garantiu em dezembro que não prevê qualquer nova desvalorização do kwanza, face à “tendência de estabilidade” dos preços, e já no final de janeiro vendeu aos bancos o valor máximo de divisas desde praticamente o início da crise, em 2014: mais de 600 milhões de euros no espaço de uma semana.
Essas vendas de divisas têm vindo no entanto a descer progressivamente, para menos de 200 milhões de euros por semana já em fevereiro.
“Tendo em conta a tendência de estabilidade do nível geral dos preços e consequentemente a desaceleração da taxa de inflação mensal, o BNA reafirma o seu engajamento na preservação do valor da moeda nacional, razão pela qual não haverá desvalorização do kwanza”, lê-se no mesmo documento do banco central angolano, de dezembro.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.
A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (95 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.
“O BNA continuará a disponibilizar as divisas de forma regular ao câmbio de 165,8 kwanzas por um dólar dos Estados Unidos da América, não havendo necessidade dos operadores do mercado alterarem os preços dos bens e serviços”, garantiu então o banco central, na última informação sobre matéria cambial.
Com: Lusa