Diariamente em meio aos vários contentores de lixo espalhados por Luanda, dezenas de pessoas disputam por alimentos descartados por outras pessoas que ‘se dão ao luxo’ do desperdício. Produtos que tiveram como destino o lixo garantem a sobrevivência de muitos angolanos que vivem em situações de extrema pobreza.
Sob o sol forte e um calor escaldante, crianças, adolescentes, jovens e idosos reviram os contentores em busca de qualquer coisa que dê para “aguentar o estômago”. Questionados pela nossa equipa sobre a humilhação que passam diariamente no decorrer do processo, algumas pessoas afirmam que “a fome não tem vergonha, e que preferem se submeter à esta triste situação do que roubar”.
Ao mesmo tempo que várias pessoas passam fome e alguns buscam a sobrevivência nos restos, diariamente pelo menos 20% de todos os alimentos produzidos no mundo vão para o lixo. A prática que outrora era associada à pessoas com problemas mentais e usuárias de drogas e álcool, virou o dia a dia de pessoas normais.
Em uma ronda feita pelas ruas do Nova Vida, ao meio dia, a nossa equipa deparou-se com algumas crianças a mexerem em contentores e recebeu delas uma triste confirmação: “Procuramos comida no lixo, porque quando batemos as portas e pedimos, ninguém nos dá. Nos enxotam e nos dizem para não bater mais a porta, para não incomodar”.
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