O endividamento da estatal Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) cresceu quase 20% em 2014, com a aquisição de três novos financiamentos totalizando 4,5 mil milhões de euros.
Os números constam do relatório e contas da Sonangol referente a 2014, consultado hoje pela Lusa, em que a petrolífera angolana refere que teve necessidade de reforçar o financiamento para projetos de “capitais estruturantes e outras despesas operacionais”.
Nesse sentido, a empresa, totalmente detida pelo Estado angolano, contraiu dois empréstimos junto do Standard Chartered Bank, totalizando 360 mil milhões de kwanzas (mais de 2,8 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual). Um terceiro, no valor de 205.726 milhões de kwanzas (mais de 1,6 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual), foi concedido pelo China Development Bank.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana e prevê atingir este ano um média diária de produção de 1,8 milhões de barris de crude.
No mesmo documento, a petrolífera angolana explica que estes três financiamentos têm como garantia o Contrato de Recebíveis de Petróleo Bruto, entre a Sonangol EP e a Sonangol Finance Limited – que garantiu os empréstimos -, com a obrigação da primeira em “colateralizar receitas mensais correspondentes a 125% do valor mensal do serviço da dívida”, entre outras obrigações sobre a situação financeira do grupo.
Com estes novos financiamentos, e face a reembolsos de empréstimos anteriores que totalizaram 308.242 milhões de kwanzas (2,4 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual), o volume total de dívida da empresa aumentou 20% em 2014, para 1,559 biliões (12,5 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual).
A Sonangol tem agora, ainda segundo o relatório e contas da empresa, 15 empréstimos bancários, contraídos desde 2006, tendo avançado em 2014 com um plano interno de contenção de custos, face à queda das receitas.
A produção de petróleo em Angola diminuiu 2,6% em 2014, face ao ano anterior, para 1,671 milhões de barris por dia, e os lucros líquidos da Sonangol caíram 77%, para 710 milhões de dólares.
Os números foram apresentados em fevereiro pelo presidente do Conselho de Administração da petrolífera, Francisco de Lemos José Maria, que admitiu que 2014 foi um ano “bastante difícil”, em que não foram alcançadas as metas previstas.
Na origem deste desempenho, num setor que alimenta mais de 70% das receitas fiscais angolanas, esteve a “queda acentuada, abrupta, da produção petrolífera” no primeiro semestre e a forte descida da cotação internacional do barril de crude verificada no segundo semestre.
As vendas da Sonangol em 2014 ascenderam a 36.476 milhões de dólares (32,3 mil milhões de euros), uma redução de 11,6% face a 2013.
A China e a Índia lideraram os destinos da exportação de petróleo de Angola em 2014.
A Sonangol, maior empregador em Angola, fechou o ano de 2014 com 8.473 trabalhadores em atividade, tendo pago 958 milhões de dólares (850 milhões de euros) em salários no mesmo ano.
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