Marcação da cerimónia de entrega de diplomas em data desadequada leva Ministério a dar ordem de suspensão do evento. Universidade e Governo rejeitam existência de mais irregularidades. Diplomas entregues em Abril do próximo ano. Estudantes dizem-se lesados.
O Ministério do Ensino Superior (MES) não suspendeu a entrega de diplomas da Universidade Independente de Angola (UNIA) devido a irregularidades na atribuição de notas, garante a directora do Centro de Documentação (CDI), Angelina Canjengo citada pelo jornal Expansão. A suspensão, garante a responsável do MES, resulta apenas do facto de a data indicada pela UNIA para a entrega dos diplomas não estar conforme o calendário do ano académico.
De acordo com o jornal, a directora do CDI reagia assim ao rumor que circula, em particular na Internet, de que na origem da suspensão estariam situações de irregularidade em relação à atribuição de notas. O MES, afirma, não recebeu, aliás, qualquer denúncia nesse sentido. A suspensão da outorga dos diplomas, explica, deriva de indicações do ministro Adão do Nascimento, que, num ofício de 25 de Setembro, notificou a UNIA sobre o facto de a data prevista para o acto não estar em conformidade com o ano académico. A UNIA, por seu turno, já reconheceu o lapso.
Pedro Laranjeira, do Gabinete de Comunicação e Imagem da universidade, assume ter havido dificuldade em cumprir-se o calendário académico aprovado pelo MES, no Decreto Executivo n.º 420/13. O diploma estipula que a entrega de diplomas em todas as universidades ocorra de 25 de Agosto a 6 de Setembro, mas a UNIA pretendia fazê-lo a 30 de Setembro, ou seja, 24 dias após o prazo regulamentado. Segundo Pedro Laranjeira, a escolha da data teve que ver com a disponibilidade do local escolhido para o evento.
A UNIA, diz, esperava poder beneficiar de alguma tolerância, pois os estudantes já haviam terminado os cursos.
Nova data em conformidade
A instituição académica optou assim por adiar a cerimónia de entrega dos diplomas para Abril de 2015, mês em que, geralmente, são entregues diplomas referentes ao primeiro semestre académico.
De acordo com Pedro Laranjeira, a universidade, assim que se apercebeu da irregularidade, reagendou a cerimónia, e apresentou desculpas ao Ministério e aos estudantes lesados. Entretanto, explica, numa reunião com os finalistas de 2013 – mais de uma centena -, que teve lugar no Auditório Nobre da Universidade, ficou a garantia de que nenhum estudante teria prejuízos de natureza documental derivados deste imperativo de reagendamento.
Entre os estudantes, contudo, a situação gerou desconforto. Alguns dos alunos ouvidos pelo Expansão, a coberto de anonimato, dizem sentir- -se lesados pelo mau clima que paira sobre a universidade, fruto de uma discórdia que dizem haver entre antigos docentes e a direcção da UNIA.
Os estudantes entendem que alguns ex-docentes rejeitaram entregar o resultado das provas dos estudantes, devido a um litígio que têm com a actual direcção, o que terá levado a que algumas notas tenham sido atribuídas administrativamente. Perante este facto, o reitor da UNIA, Filipe Zau, criou, no início do mês, uma comissão para investigar estas alegações.
De acordo com a edição da passada sexta-feira (3 de Outubro) do semanário Novo Jornal, o despacho (N34/14) de Filipe Zau refere que a comissão criada tem até ao dia 20 do corrente mês para apresentar um relatório detalhado para melhor esclarecimento, análise e tratamento das referidas informações. Em declarações ao referido jornal, o vice-reitor da UNIA, Francisco Soares, admite ter recebido pedidos de atribuição de notas administrativas – quatro no total -, que declinou. E informou que os estudantes foram submetidos a uma prova avaliada por um júri de três professores da mesma área.