Um estudo sobre “Veneno e Envenenamento de Serpentes de Angola” levado a cabo pelo Centro de Investigação e Informação de Medicamentos e Toxicologia (Cimetox) da Faculdade de Medicina de Malanje, afecta a Universidade Lueji A’Nkonde, identificou este ano a existência, no país, de espécies de serpentes denominadas “Bitis Gabonica” com elevado nível de letalidade.
A informação foi avançada sexta-feira à Angop, pela vice-decana para os assuntos científicos da referida Faculdade, Paula Regina de Oliveira, tendo explicado que as espécies “Bitis Gabonica” são as que apresentam dentes que atingem os cinco centímetros de cumprimento e glândulas maiores, que às permitem acumular grandes quantidades de veneno.
Fez saber que as pesquisas realizadas nas províncias de Malanje, Cuanza-Sul, Benguela e Huíla possibilitaram a identificação de outras espécies de cobras anteriormente tidas como inexistentes em Angola, com destaque para a Naja Nigricolis, Bitis Arientans e Mamba Negra.
Paula de Oliveira realçou que perante esta realidade angolana, urge a necessidade de se identificar e caracterizar imunoquimicamente o veneno das serpentes do país, cujos efeitos biológicos servirão de base para o estabelecimento da composição de uma mistura de veneno a ser utilizado na imunização de cavalos para a produção futura, de um anti-soro polivalente.
A também coordenadora do referido estudo, fez saber que a pesquisa iniciou com uma actividade de campo a que se denominou “Expedição Ndala Lutangila”, que contou com especialistas do instituto de Butantã do Brasil, organismo vocacionado na captação de serpentes, conservação, tratamento laboratorial e produção de soros antiofídicos.
A responsável realçou que durante a investigação foram realizadas conferências, campanhas de sensibilização, distribuição de folhetos sobre como prevenir o aparecimento de serpentes, precaução dos acidentes e medidas adequadas para atenção dos primeiros socorros. “Colocamos placas de aviso nas zonas de perigo de serpentes, para prevenir a população sobre o aparecimento de animais peçonhentos”, sustentou.
Para si, o estudo reveste-se de capital importância, na medida em que trouxe contributos valiosos que visam dar subsídios para a resolução de um problema de saúde negligenciado no país.
Frisou que a pesquisa visou igualmente recolher dados epidemiológicos, por formas a facilitar o estudo nesta área, tendo garantido que o Cimetox vai continuar a envidar esforços, com vista a captura de outras espécies e produção de soros antiofídicos.
De acordo com a fonte, o estudo culminou com a extracção de cerca de mil 200 microlitros de veneno de Naja Nicrolis, 250 de Bitis Arientans e mil 900 de Bitis Gabónica. Explicou que o veneno colectado servirá para a realização de estudos de caracterização biológica, enzimática e para produção de soros-antiofídicos.