Numa denúncia pública, a jovem Elhane (nome fictício), conta que após ser sequestrada no dia 22 de Julho do ano em curso, mantida em cárcere privado e agredida física e sexualmente, conseguiu fugir dos seus sequestradores e agressores, mas ao ser levada a polícia para prestar queixa e mostrar o local onde tudo aconteceu, foi desacreditada e coagida pelos agentes em serviço.
Na denúncia que circula nas redes sociais, a vítima conta que no lugar onde era mantida, haviam outras mulheres sequestradas, abusadas sexualmente e até mortas. A jovem diz que conseguiu escapar viva por sorte.
“Chamo-me Elhane, no dia 22/07/22, sexta-feira, fui sequestrada, estuprada, agredida, isso foi nos lados da Baía, levaram-me para um lugar onde havia outras mulheres sequestradas, estupradas, agredidas e mortas, após horas, consegui escapar com vida por sorte. Quando finalmente a minha família encontrou-me isso só no sábado, fomos a polícia da Mutamba e a primeira coisa que eles fazem é não acreditarem em mim, isso mesmo, outra vez a justiça desse país, não protege as mulheres”, começou por contar.
A jovem fez saber que se lembra dos nomes da fisionomia dos seus agressores e do local onde tudo aconteceu, e que mesmo contando tudo a polícia, esta nada fez, alegando que não tinham patrulha disponível para ir até ao lugar. A vítima conta ainda que enquanto fazia o seu depoimento foi coagida a dizer aos seus familiares que os supostos sequestradores eram seus amigos.
“Eu lembro dos homens que me estupraram, lembro dos nomes, lembro do local e ainda assim a polícia não fez nada, alegam não terem patrulha para poderem ir até lá, enquanto fazia o depoimento eles ainda estavam a insinuar que eu não fui estuprada, que as agressões no meu corpo não são nada, chegaram a me coagir para dizer aos meus familiares que os estupradores eram amigos meus e que fui paga para envolver-me com eles, não fui atendida com urgência, tive que girar de hospital em hospital para poder receber assistência”.
Indignada a jovem questiona: “até quando vamos viver sobre essa justiça selectiva? Não há justiça para as mulheres, eu quero ver os homens que me estupraram presos. Porquê a polícia não foi até ao lugar? Eu não mereço viver com esse peso. Como ficam as outras Mulheres que estavam lá? Quantas de nos têm que morrer para sermos ouvidas?
Por favor, eu só quero justiça”.