Crise reduz procura dos angolanos pelos Cabazes de Natal


O Natal em Angola ainda motiva famílias e empresas a distribuir cabazes, vendidos por estes dias, em Luanda, apesar da crise, a preços entre os  7.500 e 38.950 kwanzas  (40 e os 200 euros,) chegando os mais caros aos 7,5 milhões de kwanzas (38.000 euros).

Como a Lusa constatou numa ronda pelas grandes superfícies e supermercados da capital, a oferta existe, mas os vendedores também optam por aceitar apenas encomendas, devido à reduzida procura, com a crise.

Na última semana foi possível constatar ofertas diversificadas de cabazes, com enchidos, congelados, batatas, produtos da cesta básica, vinhos, refrigerantes, bebidas espirituosas, bolo-rei, iguarias ou guloseimas.

Contudo, cada superfície definiu estratégias diferenciadas para comercializar cabazes, muitos dos quais a preferir comprar apenas o essencial em período de escassez e de crise.

A rede de hipermercados “Kero”, por exemplo, disponibiliza este ano cabazes com preços entre os 8.500 kwanzas (43 euros), com produtos da cesta básica, e os 375.000 kwanzas (1.900 euros) para o cabaz ‘premium’.

“Até que os preços não estão assim muito puxados, como noutros locais, mas com o salário que nunca chega, vim apenas apreciar os preços e comprar algumas coisinhas para a família durante esses dias”, comentou à Lusa Teresa Adão, que preferiu não arriscar na compra do cabaz em 2017, contrariamente a outros anos.

Também em Luanda, a rede “Megáfrica” apresenta um leque de 14 tipos de cabazes de Natal, com preços que começam nos 38.950 kwanzas (200 euros) e que chegam, no caso do cabaz “Rei do Ndongo”, aos exorbitantes 7,5 milhões de kwanzas (38 mil euros). Neste caso com necessidade de entrega ao domicílio especial, dada a quantidade e diversidade de produtos que integra.

Preços que surpreendem o professor João Afonso, que os observa e desvaloriza, por entender ser um “gasto desnecessário”.

“Daquilo que aparece, compramos dentro das possibilidades. Porque gastar só por gastar é luxo na miséria e as lamentações são sempre em janeiro. A vida está dura e essa coisa de comprar cabaz não é prioritária”, argumentou.

Tal como aconteceu em 2016, o supermercado “Martal”, um dos mais antigos da capital angolana, apenas tem disponíveis cabazes de Natal por encomenda, até porque, explica o seu administrador, “muitas empresas optaram em dar subsídio de Natal ao invés de um cabaz”.

“Por esta altura não existe grande procura de cabazes, de há três anos para cá que a grande procura de cabazes tem estado a diminuir. Estamos a fazer apenas por encomenda. Se alguém precisar, chega até nós, apresenta-nos a lista e formamos o cabaz”, explicou Manuel Pinheiro.

Já os hipermercados “Candando” comercializaram o cabaz tradicional com bebidas e alimentação a partir de 35.000 kwanzas (178 euros) que, segundo a gerência, já está esgotado, restando apenas o cabaz ‘prestige’ no valor de 1.250.000 kwanzas (6.350 euros).

A rede “Shoprite” decidiu não propor cabazes aos seus clientes, enquanto a rede “Maxi” optou por voltar a propor este ano cartões com “saldos” que vão desde os 15.000 (76 euros) aos 250.000 kwanzas (1.270 euros).

“É para os clientes fazerem o seu próprio cabaz. Consoante o valor que pagarem, nós disponibilizamos o respetivo cartão, mas a procura ainda está muito baixa”, explicou à Lusa a assistente de vendas Sara Nuriel.

Lusa

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