Comboio vai ter dupla linha em Luanda e museu do centenário


A duplicação da linha ferroviária na capital angolana vai avançar no próximo ano, num troço de 36 quilómetros a partir do centro da cidade, anunciou à Lusa o presidente do Caminho de Ferro de Luanda (CFL).

De acordo com Celso Rosa, a duplicação da linha entre as estações do Bungo (Luanda) e de Baia, na periferia, é uma das medidas que visam dar competitividade à empresa pública que assegura o transporte ferroviário na zona suburbana da capital e até à província de Malange, no interior norte.

“As obras vão começar logo no princípio do próximo ano. Se tudo correr bem, em 2017 teremos mais uma linha concluída, facilitando o nosso desempenho em termos de circulação de comboios, melhorando os nossos serviços suburbanos”, explicou o presidente do conselho de administração do CFL, garantindo que já estão a decorrer os levantamentos técnicos no terreno.

“Diariamente são efetuadas 27 frequências no serviço suburbano de passageiros, onde são realizados 41 cruzamentos de comboios nas estações de via única, que urge a sua eliminação, por forma a permitir uma substancial fluidez do tráfego ferroviário, aumentado assim a disponibilidade da via para a movimentação de mercadorias”, explica Celso Rosa.

Além da duplicação da linha até à estação de Baia, deste ponto da periferia avançará igualmente a partir de 2016 a construção de uma nova linha, de 15 quilómetros, para ligar ao futuro aeroporto internacional de Luanda, em construção no município de Icolo e Bengo.

No plano de investimentos do CFL conta-se ainda a construção de um centro de formação para os cerca de 1.000 trabalhadores da empresa pública junto à estação de Catete e de quatro passagens superiores, através do Ministério dos Transportes.

Além disso, o Governo prevê adquirir e colocar no serviço suburbano do CFL mais dez unidades motoras a diesel já em 2016, também a contar com o aumento do tráfego com a inclusão da linha para o novo aeroporto.

Esta aquisição, de valor não revelado, obrigará ainda à construção de uma nova oficina de reparação em Luanda.

A renovação do material circulante é apontada como uma prioritária pela administração, face ao envelhecimento e vandalismo, sendo atualmente composto por apenas cinco locomotivas operacionais e 189 veículos chineses, nomeadamente 87 vagões e 45 carruagens entre outros.

Além da área suburbana, O CFL liga o centro de Luanda a Malange, província no interior norte de Angola, num percurso de 428 quilómetros construído há mais de cem anos, no período colonial português, e reabilitado em 2011 por empresas chinesas após o fim da guerra civil.

A ligação do comboio em Luanda foi inaugurada há precisamente 127 anos e a administração prevê instalar também junto à estação de Catete o Museu Ferroviário da capital, com o material circulante e outros equipamentos históricos que sobraram do período colonial e que “escaparam” à destruição da guerra, hoje “dispersos” ao longo da linha.

“Começamos este ano a desenvolver um projeto na perspetiva de virmos a criar um museu dos caminhos-de-ferro de Luanda, onde procuraremos concentrar essas peças valiosas para que as futuras gerações e o público em geral possa conhecer aquilo que foi, é e poderá vir a ser o caminho-de-ferro de Luanda”, rematou Celso Rosa.

AR/Lusa

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