Um Colégio situado em Luanda, proibiu as alunas de usarem penteados afro, uma regra que tem deixado vários alunos descontentes que têm considerado o acto como discriminação uma vez que a regra não abrange a todos.
Os estudantes do colégio Os Brilhantes, no Benfica, em Luanda, estão descontentes com uma nova decisão da direcção que proíbe o uso de penteados afro por parte das raparigas e determina que os rapazes devem manter o cabelo cortado. Estas novas regras foram transmitidas recentemente durante uma reunião com os encarregados de educação.
De acordo com o Rede Angola que esteve no local, várias raparigas estão a usar tranças, mas muitas delas contra a vontade, segundo explicaram estudantes. A direcção do colégio não explicou aos alunos a causa da implementação das novas regras e nem afixou um comunicado para conhecimento geral, o que tem causado muitos mal-entendidos. Dentro das turmas os professores transmitem a informação, mas sem dados adicionais.
Uma das estudantes, que tem 13 anos e não quis ser identificada, afirmou ao Rede Angola que a decisão é um acto de discriminação, pelo facto de não abranger a todos os estudantes sem excepção. A escola tem avaliado qual cabelo é “aceitável” ou não.
A encarregada de educação de uma outra estudante mostrou-se surpreendida, tentando perceber se tem a ver com alguma orientação do Ministério da Educação. A senhora Isilda Silvestre, mãe de uma rapariga, discorda da decisão, e alega que não vê inconveniente no uso de penteados afro, muito pelo contrário, areja a cabeça e faz com que não recorram tão cedo ao desfriso, uma alternativa que não considera recomendável nesta altura. “Elas são adolescentes. O uso obrigatório de tranças não faz sentido, e além do mais, em alguns casos enfraquece o cabelo”.
Para o psicólogo Nvunda Tonet, que comentou o assunto em entrevista aoRede Angola, cada pessoa deve expressar-se do modo como se sente melhor e ter respeitado o seu direito e expectativa emotiva sem prejuízo funcional. “Sinceramente não encontro sentido na proibição do uso de penteados afro, e considero um acto preconceituoso e que vai contra a auto-estima da mulher africana”.
Em declarações ao Rede Angola, o Presidente da Associação do Ensino Privado, António Pacavira esclareceu que normalmente as escolas apresentam um regulamento interno, do uniforme à aparência, que é avaliado pela Associação, mas este tipo de restrição não é prevista. “Acho estranho eles exigirem nas meninas alguma condicionante no cabelo. Por vezes só não devem ter o cabelo pintado, mas o penteado afro é usual e é pacífico de ser usado”.
Em relação aos rapazes, António Pacavira deu a conhecer que o regulamento não permite o uso de cores no cabelo, penteado tipo black power, fios com mais de 10 centímetros edreadlocks. Para este último aspecto existe uma excepção, caso se comprove que o estudante faz parte da comunidade rastafári.
Na próxima quinta-feira, dia 2 de Abril, a Associação do Ensino Privado vai realizar uma reunião com todos os colégios de Luanda e incluiu na agenda a abordagem sobre a proibição do uso de penteados afro no Colégio “Os Brilhantes”, para perceber as causas e sugerir as melhores formas de resolver a situação.
O Rede Angola várias vezes tentou ouvir a direcção do colégio, mas sem sucesso. A carta enviada não foi respondida e os telefonemas não foram retornados até ao momento.
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