A dona de casa brasileira Tatiane Andrade, denunciou recentemente à polícia local que o erro de um exame de HIV fez com que sua bebé recém-nascida recebesse tratamento para pessoas com a síndrome por 28 dias.
Gabrielle, hoje com 1 ano de vida, precisou tomar antirretroviral logo após nascer prematura, de 7 meses. Além disso, não foi amamentada pela mãe para evitar a infecção pelo HIV – que, na verdade não existia. Antirretrovirais são substâncias e medicamentos usados para impedir a multiplicação do HIV no organismo.
A mãe da bebé, Tatiane, de 30 anos, foi medicada para secar o leite e nunca amamentou a filha. Tendo sofrido com transtorno de stresse pós-traumático por achar que também tinha contraído o vírus.
“Quando o resultado saiu, no dia 19 de Setembro de 2023, fui ao médico e a psicóloga do hospital para me darem a notícia. Naquele momento, o meu mundo acabou. Eu, que já estava debilitada, pois, tinha acabado de ter uma filha e ainda mais prematura, pedia para Deus que a minha bebé não tivesse nada”, contou Tatiane.
Tatiane conta que, ao testar positivo na maternidade, foi iniciado um protocolo especial para quando se descobre que a mãe tem HIV no momento do parto.
“Colheram o meu sangue e a minha filha nasceu. Porém, algumas horas depois, um médico foi e disse-me que o teste deu positivo para HIV e que a minha filha, com minutos de vida, começaria a tomar o coquetel. Eu só me desculpava para o meu esposo falando que eu não fiz nada e pedia desculpa para ele caso o tivesse contaminado”, disse.
O laboratório que fez o exame é o PCS Lab Saleme, onde outros erros levaram à infecção por HIV de ao menos seis pacientes que passaram por transplantes no Rio. Após ver as notícias sobre os transplantados infectados pelo HIV, a mulher decidiu levar o seu caso à polícia. Tatiane fez então um teste mais aprofundado na própria maternidade, a fim de confirmar o diagnóstico de que teria HIV. Entretanto, a dona de casa afirma que não recebeu o resultado desse teste e que, por isso, decidiu buscar um outro laboratório.
Tatiane conta que passou por 26 dias tensos até conseguir esclarecer que, na verdade, nem ela ou o marido estavam infectados com a doença. A angústia só acabou após um teste feito em outro local, em 10 de Outubro, e o resultado de ambos deu negativo.
A mulher fez saber que na maternidade, alegavam que o resultado era responsabilidade do laboratório, e o laboratório dizia ser do hospital.
“Fui à sede de Nova Iguaçu e disseram-me que não era meu direito pegar o resultado. Só depois que ameacei processar e chamar a imprensa que emitiram o meu resultado, em Janeiro desse ano”, explicou.
Em nota, o PCS Lab Saleme “informa que o resultado do terceiro teste da gestante estava disponível desde o dia 29/09/23, mesma data em que foi acessado pela maternidade”.
“Entre 12/10/23 e 14/01/24, o resultado do exame foi impresso 12 vezes pela equipa da maternidade, conforme registro em sistema. O PCS Lab esclarece, ainda, que é responsabilidade dos hospitais informar os resultados de exames de pacientes atendidos ou internados nessas unidades”.
O laboratório não comentou o erro no exame.
A defesa do médico que assinou o resultado, afirmou que não tinha conhecimento do caso e que vai apurar.
Tatiane aguardava documentos para processar a maternidade e o laboratório. O registo foi feito na tarde desta segunda na 56.ª DP (Comendador Soares).