Bancos comerciais (praticamente) sem divisas


Os bancos comerciais continuaram praticamente sem acesso a divisas na primeira semana de maio, tendo o Banco Nacional de Angola (BNA) disponibilizado apenas 3,6 milhões de euros, nomeadamente para duas empresas públicas.

A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 03 e 06 de maio, depois de na última semana de abril não terem sido feitas vendas de divisas e na anterior apenas 1,1 milhões de euros. Este total representa mínimos históricos de divisas vendidos aos bancos comerciais angolanos.

Na primeira semana de maio, as divisas disponibilizadas pelo banco central – 1,9 milhões de dólares (1,6 milhões de euros) e dois milhões de euros – destinaram-se à “cobertura de operações diversas”, nomeadamente “o pagamento de operações com o exterior do país” por parte da transportadora aérea angolana TAAG e da Televisão Pública de Angola (TPA).

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada nos 166,707 kwanzas por cada dólar e de 186,261 kwanzas por cada euro. No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada nos 450 kwanzas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

O governador do BNA, Valter Filipe, reconheceu no início de maio que a banca nacional está a ser colocada “à margem” do sistema financeiro mundial, defendendo a urgência em credibilizar o setor.

O governante aludia à falta de acesso dos bancos angolanos ao circuito internacional de divisas, por dúvidas dos reguladores internacionais sobre credibilidade das instituições angolanas.

Para Valter Filipe, é necessário implementar “ética e moral” na banca angolana, devendo ser colocada ao “serviço do bem comum”.

“Devemos fazê-lo implementando em Angola as normas prudenciais e as boas práticas nacionais e internacionais, e todas as normas de combate ao branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo, porque estamos a ficar numa situação em que está a ser colocado o sistema financeiro angolano à margem do sistema financeiro mundial. E isto é grave para a prosperidade das nossas famílias”, apontou.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

A falta de divisas, em função da procura, dificulta, por exemplo, a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O Fundo Monetário Internacional anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, em maio.

O ministro das Finanças, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

BNA/Lusa

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