Bancos angolanos quadriplicaram vendas de divisas no final de janeiro


A venda de divisas à banca comercial angolana mais do que quadruplicou na última semana de janeiro, face à anterior, elevando-se a 243,1 milhões de dólares, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

Nas semanas anteriores, em janeiro, o BNA injetou nos bancos angolanos 385,5 milhões de dólares, valores historicamente baixos, devido à crise financeira, económica e cambial que Angola atravessa.

De acordo com o relatório semanal do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a agência Lusa teve hoje acesso, as vendas de divisas entre 25 e 29 de janeiro foram as mais elevadas do mês, comparando com os 55,5 milhões de dólares da semana anterior.

As vendas, esclarece o BNA, destinaram-se à cobertura de necessidades gerais dos bancos comerciais do ano 2015, através de leilões de preços, no valor de 237,1 milhões de dólares (218,3 milhões de euros), e para operações de viagens e remessas de dinheiro ao exterior do país, de natureza de ajuda familiar, num total de seis milhões de dólares (5,5 milhões de euros).

As vendas na última semana foram concretizadas a uma taxa de câmbio média de 156,390 kwanzas (93 cêntimos) por cada dólar, inalterada face à semana anterior.

Há pouco mais de um ano, a injeção de divisas no mercado angolano ultrapassava normalmente os 2.000 milhões de dólares por mês.

Paralelamente, devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos impostos nos bancos, o mercado informal, de rua, já transaciona a nota de um dólar a mais de 350 kwanzas.

O governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, disse na quarta-feira que a instituição está a promover a “racionalização” de divisas aos bancos comerciais, mas assegurou que os recursos disponíveis para “são suficientes”.

“Para 2016, temos os recursos em divisas suficientes para gerar as taxas de crescimentos que estão a ser apontadas ou que serão fixadas no quadro dos investimentos de programação do Governo”, disse o governador.

Admitiu, contudo, uma “redução” na “liberação” que até agora existia na banca comercial, sobre a disponibilização das divisas que compravam em leilões ao BNA, que “neste novo quadro” passam a ter uma “maior racionalização” na sua distribuição.

Devido à quebra das receitas com a exportação de petróleo, que levou à diminuição da entrada de divisas no país, Angola, o segundo maior produtor da África subsaariana, está mergulhada há mais de um ano numa crescente crise financeira, económica e cambial.

A crise angolana resulta da redução de receitas fiscais do petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.

Persiste a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.

A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

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