Os bancos angolanos não receberam divisas na última semana, depois de no período anterior o Banco Nacional de Angola só ter vendido euros, indica um relatório semanal do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial.
De acordo com o documento, no período entre 07 e 11 de março não foram feitas vendas, depois de três semanas consecutivas em que o banco central apenas disponibilizou divisas na moeda europeia (cerca de 500 milhões de euros), o que aconteceu pela primeira vez.
Não há registo de uma semana sem injeção de divisas na banca angolana em vários anos.
Angola enfrenta há mais de um ano uma crise financeira, monetária e cambial decorrente da quebra da cotação internacional do barril de crude, tendo visto as receitas fiscais com a exportação de petróleo caírem para metade em 2015 e com isso a entrada de divisas (dólares) no país.
Paralelamente, devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos de dólares impostos nos bancos, o mercado informal, de rua, transaciona a nota de um dólar norte-americano a mais de 300 kwanzas.
A política cambial angolana passou a ser definida pelo novo governador do BNA, Valter Filipe Duarte da Silva, empossado no cargo a 07 de março pelo Presidente da República, funções ocupadas desde janeiro de 2015 pelo antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais Júnior, exonerado a seu pedido.
Segundo o BNA, a taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, ficou-se nos 159,737 kwanzas por cada dólar e de 178,475 kwanzas por cada euro, ambas inalteradas.
Há pouco mais de um ano, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo no mercado internacional, a injeção de divisas no mercado angolano ultrapassava normalmente os 2.000 milhões de dólares por mês.
Persiste no país a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.
A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.