Banca angolana novamente apenas com euros para divisas na última semana


A venda de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) à banca comercial angolana mais do que duplicou na última semana, para 321,3 milhões de euros, e, pela segunda semana consecutiva, exclusivamente na moeda europeia.

A informação consta do relatório semanal do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, sobre as vendas de divisas entre 22 e 26 de fevereiro, das quais 271,3 milhões de euros foram “em leilão de preço” para “cobertura de necessidades gerais de importação de bens e serviços”.

De acordo com o documento, ao qual a agência Lusa teve acesso ontem, 44,5 milhões de euros foram “para operações de natureza particular”, relacionadas com a empresa AAA Seguros, e 5,5 milhões de euros para garantir ajuda familiar, viagens e remessas de dinheiro ao exterior.

Este total compara com os 136,2 milhões de euros da semana anterior e volta a não haver registo de injeção de dólares nos bancos comerciais por parte do BNA.

Angola enfrenta há mais de um ano uma crise financeira, monetária e cambial decorrente da quebra da cotação internacional do barril de crude, tendo visto as receitas fiscais com a exportação de petróleo caírem para metade em 2015 e com isso a entrada de divisas (dólares) no país.

Paralelamente, devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos de dólares impostos nos bancos, o mercado informal, de rua, transaciona a nota de um dólar norte-americano a cerca de 350 kwanzas.

Segundo o BNA, a taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, ficou-se 159,736 kwanzas por cada dólar e de 178,747 kwanzas por cada euro.

Há pouco mais de um ano, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo no mercado internacional, a injeção de divisas no mercado angolano ultrapassava normalmente os 2.000 milhões de dólares por mês.

O governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, disse a 27 de janeiro que a instituição está a promover a “racionalização” de divisas aos bancos comerciais, mas assegurou que os recursos disponíveis “são suficientes”.

“Para 2016, temos os recursos em divisas suficientes para gerar as taxas de crescimentos que estão a ser apontadas ou que serão fixadas no quadro dos investimentos de programação do Governo”, afirmou o governador.

Admitiu, contudo, uma “redução” na “liberação” que até agora existia na banca comercial, sobre a disponibilização das divisas que compravam em leilões ao BNA, que “neste novo quadro” passam a ter uma “maior racionalização” na sua distribuição.

Persiste a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.

A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

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