Baixa do preço petróleo “força” BP a angolanização da mão-de-obra


Relatório de Sustentabilidade de 2014 da BP aponta para a redução temporária da actividade em Angola. “Alguns trabalhadores expatriados serão substituídos por quadros angolanos”, diz vice-presidente Paulo Pizarro.

A queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional levou a que a petrolífera BP Angola dispensasse mais de 150 funcionários, 90% dos quais expatriados, o que vai permitir a aceleração da ‘angolanização’ de alguns postos anteriormente ocupados por mão-de-obra estrangeira, revelou o vice-presidente de Comunicação e Relações Externas da companhia.

Segundo Paulo Pizarro, que falava ao Expansão à margem da apresentação do Relatório de Sustentabilidade de 2014 da empresa, na semana passada, em Luanda, a redução temporária da actividade da BP Angola e, consequentemente, a diminuição do número de plataformas de perfuração, de três para uma, está na base das dispensas da multinacional britânica, que funciona no mercado petrolífero angolano há mais de 20 anos.

Apesar da eliminação de alguns postos e da redução da força de trabalho no âmbito desta reorganização, Paulo Pizarro sublinhou a urgência da indústria em se tornar competitiva, explicando que, “entre outras medidas, alguns trabalhadores expatriados serão substituídos por quadros angolanos, muitos dos quais estiveram no exterior do País em formação para o desenvolvimento das suas carreiras.”

Investimento A BP Angola investiu mais de 27 mil milhões USD nos últimos 20 anos no País e tenciona continuar a investir na prospecção e exploração nos próximos 10 a 15. Actualmente, a companhia conta com uma força de trabalho constituída por mais de 1.000 trabalhadores em Angola e mais de 80 mil em todo o mundo.

Segundo o Relatório, Angola apresenta também desafios significativos em termos de cumprimento das leis anticorrupção e de promoção de práticas de negócio com ética, ocupando, actualmente, a 161.ª posição entre 175 países enumerados no Índice das Percepções sobre Corrupção de 2014, da organização Transparency International.

Angola classificou-se no 180.º lugar entre 189 economias no índice de Facilidade em Fazer Negócios do Banco Mundial. Entretanto, torna-se necessária uma redução da despesa pública por força das restrições orçamentais, bem como programas de assistência social bem direccionados, a fim de mitigar o impacto na população mais desfavorecida.

“Reconhecemos o risco para o País da dependência excessiva da indústria do petróleo e gás, assim como a necessidade de gerir as elevadas expectativas criadas pelos stakeholders em torno da nossa indústria”, lê-se no relatório. Angola é uma das regiões-chave da BP para a pesquisa e desenvolvimento de hidrocarbonetos e uma parte essencial da actividade do grupo BP na pesquisa e produção em águas profundas.

Em 2014, a produção líquida da BP-Angola representou aproximadamente 10% da produção petrolífera líquida total do grupo BP a nível mundial (excluindo a Rússia). Tem participações em nove blocos em águas profundas e ultraprofundas em Angola com uma área total superior a 32.600 km2.

Segundo o relatório, a estratégia da BP em Angola consiste em criar negócio substancial e altamente eficiente e sustentável para benefício do País e dos accionistas, bem como maximizar o valor a longo prazo, através de operações seguras e fiáveis, recuperação de recursos, execução de projectos e poços de alta qualidade e avaliação disciplinada das descobertas existentes.

Para atingir estas metas, a BP Angola procura alinhar as actividades quotidianas em Angola com o desenvolvimento do País. A visão é tornar a BP Angola reconhecida como um parceiro de escolha e promotor do desenvolvimento, fazendo a diferença no bem-estar e progresso dos angolanos e da economia do País.

Embora o petróleo seja a base da economia de Angola, representando mais de 90% das exportações, a pesquisa angolana está agora a orientar-se para as possibilidades do gás. Com o enquadramento político certo e uma pesquisa bem-sucedida, Angola poderá desenvolver os seus recursos de gás. Fontes independentes da indústria acreditam que as reservas prováveis do País excedem os 26 triliões de pés cúbicos.

A BP ofereceu-se para apoiar o Governo angolano na elaboração de um Plano Director do Gás e para colaborar no desenvolvimento dos recursos de gás natural em Angola. Este desenvolvimento poderá contribuir para a próxima fase da transformação de Angola, apoiando a visão do Governo de produção interna de energia e petroquímica e geração de receitas através da exportação de LNG e outros produtos.

Segundo Paulo Pizaro, a BP Angola vai melhorar os níveis de investimentos e adequar-se à realidade do mercado internacional, no sentido de competir de forma eficiente com os seus concorrentes.

“A nossa prioridade para os próximos tempos consiste na competitividade e eficiência, porque não é possível operar de forma sustentável num ambiente onde o preço do petróleo caiu mais de 50%, sem que sejamos eficientes e competitivos”, disse. De recordar que multinacional britânica em Angola conta com uma produção líquida de mais de 200 mil barris de petróleo por dia, nos blocos 15, 17, 18 e 31 na bacia do Baixo Congo.

AR/Expansao


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