Antigo presidente da ELISAL acusado de desviar mais de 10 mil milhões de kwanzas da empresa


O antigo Presidente do Conselho Administrativo da Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (ELISAL), Manuel Mateus Caterça, está a ser acusado de ter desviado mais de 10 mil milhões de kwanzas, durante a sua gestão no exercício económico 2017/2019.

As alegações do suposto desvio de verbas, são baseadas num relatório da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE).

Em sua defesa, Manuel Caterça negou ter desviado a quantia monetária e afirmou ter deixado a ELISAL com lucros de mais de dois mil milhões de kwanzas, no exercício económico de 2019.

“Este buraco financeiro resulta de uma dívida que o Governo Provincial de Luanda contraiu, junto da empresa, pelos diversos serviços prestados àquela instituição”, disse acrescentando  que até ao final do seu mandato, o Governo Provincial de Luanda tinha uma dívida com a empresa estimada em mais de dez mil milhões de kwanzas, ao contrário do que se quer propalar.

Encontrámos a ELISAL numa situação lastimável, em termos de organização interna, com destaque para os atrasos nos pagamentos de salários e à Segurança Social. Também havia problemas na administração das diferentes despesas internas”.

Actualmente a trabalhar como advogado e docente universitário, Manuel Caterça falou também sobre a alegada existência do cartão multicaixa através do qual fazia várias transacções financeiras ao longo do seu mandato. De acordo o seu pronunciamento a empresa em questão era 70% mecanizada, e por essa razão, mandou emitir um cartão corporativo controlado por ele, para facilitar a realização de despesas imediatas e manter a empresa funcional.

O acusado explicou ainda que os processos de pagamento por Ordem de Saque, nas instituições bancárias, demoravam de 24 a 72 horas, razão pela qual orientou a emissão do referido cartão. “Haviam alturas em que era necessário pagar uma conta, porque uma determinada viatura estava paralisada por falta de uma simples bateria”, sustentou.

Quanto as mais de 50 contas abertas para receber os emolumentos oriundos dos mais de cinco mil clientes da empresa, Manuel avançou que isso resultou de uma estratégia comercial, pois a ELISAL, além do seu compromisso com o Governo Provincial de Luanda, enquanto principal cliente, criou uma área comercial que prestava serviços a várias empresas, desde armazéns, lojas, centros comerciais, supermercados, fábricas e restaurantes.

Segundo o relatório, a IGAE analisou cerca de 444 transacções interbancárias da ELISAL , do ano de 2017, com uma movimentação de mais de 52 milhões de kwanzas, subtraídos por via de um cartão multicaixa emitido pela empresa e entregue à custódia Manuel Caterça, com o qual fazia dois movimentos diários de 25 mil kwanzas, durante um período de três anos, além de efectuar vários pagamentos em stands de automóveis, lojas e supermercados. Foram ainda analisadas outras 77 transações bancárias no (BAI), realizadas em 2018, cujo valor total é de 85 milhões de kwanzas, pagos a singulares sem qualquer justificativo e suporte documental.

 

JA

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