Os clientes dos bancos angolanos realizaram 113 milhões de levantamentos em caixas automáticas em 2016, um novo máximo anual, chegando a quase 22 milhões de euros diários, segundo dados da empresa que gere a rede interbancária multicaixa.
De acordo com informação da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS) analisada pela Lusa, o número de levantamentos ultrapassou assim o pico anterior, de 100,7 milhões, em 2015.
Os 113.073.770 levantamentos contabilizados na rede multicaixa angolana em todo o ano de 2016 traduziram-se em 1,406 biliões de kwanzas, praticamente oito mil milhões de euros ou o equivalente a 21,7 milhões de euros por dia.
Em 2015, os levantamentos totais ascenderam a 1,114 biliões de kwanzas (6,3 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual).
A estes novos valores não é alheio a forte desvalorização do kwanza face ao dólar (23,4% em 2015 e 18,4% no primeiro semestre deste ano), bem como a crescente inflação, que entre janeiro e dezembro de 2016 chegou aos 42%.
Com este cenário, a EMIS alargou em 2016 o montante máximo de levantamento nos multicaixas de 40.000 kwanzas para 50.000 kwanzas (227 para 283 euros) por dia.
A rede angolana era constituída no final de 2016 por 2.911 terminais distribuídos por todo o país, um aumento de 135 multicaixas em apenas um ano.
O total de operações financeiras processadas pelos multicaixas (como levantamentos, transferências e pagamentos) aumentou em 2016 para 2,168 biliões de kwanzas (12,3 mil milhões de euros).
O total de cartões multicaixa ativos voltou também a bater novo máximo, chegando às 2.294.415.
Além das caixas automáticas, esta rede é constituída por Terminais de Pagamento Automático (TPA), que se elevaram a 67.496, equipamentos utilizados no comércio, restauração e outros estabelecimentos comerciais, mas também por vendedores de rua, no mercado informal.
Em 2016, estes TPA geridos pela EMIS realizaram 70.764.326 operações, movimentando 995.163 milhões de kwanzas (5,6 mil milhões de euros), sobretudo em compras.
Em 2009, a rede multicaixa angolana contava com 995 caixas automáticas e pouco mais de meio milhão de cartões ativos, enquanto o número de terminais (TPA) matriculados ascendia a 7.587, segundo a EMIS.
Angola vive uma crise financeira, económica e cambial, decorrente da forte quebra da cotação internacional do barril de crude, que motivou uma descida para menos de metade nas receitas fiscais com a exportação de petróleo em 2015, e por consequência na entrada de divisas no país, condicionando toda a atividade económica.
Lusa