Lar Mamã Madalena é carente de condições mas rico de amor


Com o propósito de saber como é o dia à dia das crianças num lar, o AngoRussia saiu em reportagem e foi até ao Cazenga conhecer o lar “Mamã Madalena”. E como previsto, emoções não faltaram quando deparámo-mos com este que é um lar carente de condições financeiras e apetrechamento, mas rico em amor.

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Criado no dia 15 de Maio de 2001 por Madalena Cátue, o lar “Mamã Madalena” encontra-se situado no cazenga e acolhe neste momento 40 jovens com idades compreendidas entre 5 e 19 anos.

Neste centro de acolhimento as crianças estudam, frequentam a igreja e aprendem a ser bons donos de casa, sendo para cada uma atribuída uma tarefa de acordo ao horário escolar e a idade.

Constituído por 7 dormitórios (uns ainda em fase de construção), 1 cozinha, 2 quartos de banho, 1 escola (com ensino da 1ª à 9 ª classe), 1 pátio para a diversão, 1 sala de lazer( onde todos juntam-se para ver televisão), o lar Mamã Madalena acolhe jovens de diversas partes de Angola que por alguma razão não têm onde morar e perderam suas famílias.

De forma faseada diariamente os jovens fazem a higiene, alimentam-se e vão a escola. No gresso, fazem as tarefas do lar de formas a aprenderem a cuidar futuramente de seus lares e serem bons donos de casa. Um tempo também é reservado para todos irem a igreja praticar a fé e aprender os melhores comportamentos segundo a bíblia.

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O lar tem o apoio do governo no que tange a educação e assitência médica, mas carece de assistência medicamentosa. Apesar de ser apadrinhado por vários grupos solidários ( um deles o ‘Abraço Solidário´) e receber algumas vezes apoios ligados a alimentação, vestuário, utensílios domésticos e brinquedos, o centro ainda não está devidamente apetrechado e não oferece as melhores condições para que uma criança possa viver e crescer de forma saudável. Mas isso não impede que todos sejam muito felizes e sintam-se amados.

Reconhecido pelo governo e com  uma escola comparticipada ( em que lecionam 3 professores), no lar Mamã Madalena novos quadros para o país se formam e os variados sonhos mantêm vivas as esperanças de um futuro melhor para cada jovem que nele vive.

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Numa mistura de histórias tocantes umas sempre acabam por emocionar mais e neste caso foi a da jovem Flora, que é filha de uma jovem que também cresceu no lar e que muito cedo por motivos de saúde acabou por falecer.

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“Mádia Florença da Graça ou simplesmente Flora, de 13 anos de idade hoje é feliz e sonha em ser cantora, mas nem sempre a situação foi assim. Filha de uma mãe que sofria de “Gota” e que também cresceu no lar Mamã Madalena( mas que depois foi levada para outra província sendo adotada por uma senhora que aparentava ter bom coração), Flora carrega consigo uma história triste. Após o nascimento de Flora a doença da mãe agravou-se e numa tarde lavando a louça a beira de um rio acabou por falecer a jovem. Flora apenas com um ano por pouco também não perdeu a vida, sendo que sem perceber o que se passava engatinhou para chegar até a mãe caída que estava a ser levada pela correnteza, por sorte apareceram pessoas e a salvaram levando-na para a avó de criação. Depois a bebé passou a viver com a Mamã Madalena, mas tempos seguintes e já a menina tendo 5 anos a avó de criação decidiu ficar um tempo com ela até a registar e só depois devolvê-la ao centro. Mas para a surpresa de todos forçadamente e contra a vontade dos filhos, a senhora ficou com Flora e a levou para Mbanza Congo, maltratou-a por muito tempo até completar 10 anos, não aguentando a menina pediu para ser devolvida ao centro e rejeitada procurou formas de conseguir dinheiro e regressar à Luanda. Após ter conseguido fugiu e voltou para Luanda e quando chegou de madrugada lembrou-se do endereço do centro e sozinha caminhou até o mesmo. E hoje Flora vive bem e feliz”.

Muitas são as histórias comoventes das crianças do referido lar e por esta razão a fundadora e mãe Madalena, bem como os professores e jovens aproveitaram para apelar ao bom senso de todos os angolanos.

“Pedimos a todos que venham visitar-nos, que venham constatar as nossas condições e posteriormente nos ajudem com o que puderem. Somos uma família recheada de muito amor e carinho, mas precisamos muito da ajuda de todos aqueles que sentem-se comovidos com situações como a nossa e que têm bom coração”.

 


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