Jovens desempregados tornam-se ‘lotadores’ de táxi e arriscam suas vidas por notas de 150 kwanzas


O AngoRussia foi durante 2 meses em alguns pontos da cidade capital para acompanhar o dia-a-dia dos jovens angolanos desempregados que tornaram-se ‘lotadores’ de taxi e arriscam suas vidas por 150 kwanzas. Alguns deles admitiram que é uma nova forma de obter dinheiro fácil e extorquir bens dos passageiros.

Lotador de táxi é a mais nova ‘moda’ que os jovens desempregados de alguns pontos da cidade encontraram para obter trocos no bolso para beber, comprar drogas e até mesmo sustentar suas famílias em casa. E na sua maioria são menores de idade (15 a 17 anos), que passam o dia inteiro nas paragens a espera dos táxis, turismo e mini-autocarros.

O preço normal dos lotador são 150 kwanzas por cada carro, tem outros que estipulam o preço do táxi aos passageiros de 200 kwanzas, sabem que o normal são 150, mas ainda assim cobram esse preço para fins próprios de acordo com o gerente.

Um dos jovens que não quis se identificar contou que entrou nessa onda dos ‘lotadores’ desde que foi expulso de casa pelos pais quando ainda tinha 13 anos, vivendo nas ruas aprendeu muitas coisas com outros que hoje chama de ‘mo sangue’.

Não tendo condições de dar continuidade aos estudos o adolescente  de 17 anos, sente-se mal as vezes ao ver os antigos amigos e colegas com quem cresceu e estudou em curto prazo a terem roupas limpas, estudo pago e comida na mesa. O mesmo lembra que já apanhou muita surra nas ruas ao tentar furtar objectos pessoais de passageiros e até dos próprios ‘colegas’.

Já outro jovem que faz seu trabalho na paragem do Benfica, disse que com os perigos que já passou nas ruas não tem medo de nada, já roubou todo tipo de passageiros contou que alguns às vezes tentam reagir aos assaltos. Contou ainda que a melhor forma de roubar os passageiros é quando a paragem está cheia, no momento que aparece um táxi é quando atacam, empurrando todos de uma só vez e esticam as suas mãos sobre a pasta para pegar carteira, telemóveis ou algo de muito valor. Questionado se não tem medo de um dia acabar morto na rua,  o jovem garante que medo só tem de passar fome pois as cicatriz que fizeram moradia em seu corpo mostra que não tem medo de nada.

Com as vestes sujas e rasgadas é assim que os jovens que muito procuram por um bom trabalho circulam de paragem à paragem durante o dia a procura do pão. A madrugada todos recolhem-se e como habitual compram suas comidas e drogas para terem uma noite tranquila e relaxada depois de um dia preenchido que tiveram.


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