Criação de empregos por Angola continua em queda livre desde 2014


A economia nacional está a criar menos empregos desde o pico de mais de 306.000 atingido no ano de 2014, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS).

Entre 2013 e o primeiro trimestre de 2017, os dados do ministério indicam que foram criados em Angola um total de 886.440 empregos, mais de um terço (306.677) no ano de 2014, o último antes da crise provocada pela forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo.

Desde então que a criação de emprego está em queda, com cerca de 260.000 em 2015 e de 214.000 no último ano, de acordo com os dados do Governo, divulgados terça-feira, em Luanda, no âmbito de um seminário sobre políticas ativas de emprego e sistema de formação profissional.

Entre 2013 e os primeiros três meses de 2017, o setor da Energia e Águas foi o que mais gerou postos de trabalho em Angola, com um total de 199.339, seguido do comércio, com 169.897, dos transportes, com 140.151, e da indústria, geologia e minas, com 103.670.

Só a construção da barragem de Laúca, em Malanje, com inauguração prevista para este ano e considerada a maior obra pública atualmente em curso no país, empregou diretamente cerca de 7.000 angolanos.

A última projeção divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola aponta para uma taxa de desemprego de 20,2% em 2017 e uma população total superior a 28,2 milhões de pessoas.

Antes da crise provocada pela quebra abrupta nas receitas petrolífera, em 2014, mais de 1,7 milhões de angolanos em idade ativa não tinham emprego, segundo dados anteriores do INE.

Por desemprego, o levantamento do INE em 2014, o primeiro Censo desde a independência do país, em 1975, considera a situação das pessoas com idade igual ou superior a 15 anos que à data do censo (maio de 2014) não tinha trabalho, estando disponível para o fazer, totalizando 1.739.946 indivíduos.

Os dados do censo indicam que mais de 44% da população ativa do país trabalha nas áreas da agricultura, pesca e florestas e apenas 1,8% na indústria.

Nas províncias diamantíferas da Lunda Sul e Lunda Norte – que garantem mais de mil milhões de euros na extração anual de diamantes – a taxa de desemprego é de respetivamente 43 e 39%, as mais altas de todo o país.

Já as províncias de Benguela e Cuanza Sul, essencialmente áreas de pesca e agricultura, apresentam as taxas de desemprego mais reduzidas de Angola, de 14% da população ativa.

O censo identificou ainda um elevado índice de rejuvenescimento da população ativa, já que em 2014 para cada 100 pessoas que saíam do mercado de trabalho (55-64 anos) ficavam disponíveis para começar a trabalhar 457 (20-29 anos).

AR/Lusa


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