O levantamento estatístico de cidadãos cabo-verdianos residentes, há mais de 50 anos, na localidade da Mabuia, comuna de Cabiri, no município de Icolo e Bengo, na província de Luanda, arrancou hoje, para a obtenção da nacionalidade angolana.
Uma comitiva chefiada pelo delegado provincial de Luanda da Justiça e Direitos Humanos, Délio Perdigão, deslocou-se hoje àquela localidade, onde reside uma comunidade de pelo menos três mil cabo-verdianos, a maioria descendentes sem qualquer documentação.
Há vários anos aquela comunidade vem solicitando às autoridades angolanas e cabo-verdianas, em diversos encontros, a obtenção de documentação angolana, já que muitos chegaram a Angola há mais de 60 anos, para trabalhar nos campos de algodão.
Délio Perdigão referiu que a maioria dos membros daquela comunidade não possui nenhum tipo de documentação, porque muitos chegaram a Angola ainda crianças.
Segundo o responsável, a partir de hoje vai ser feito um levantamento da situação, para se apurar o número de pessoas que realizaram matrimónio com angolanos e vice-versa, ou vive em união de facto, bem como obter a informação do número de descendentes destas uniões.
“Vamos dar prioridade às crianças, a nossa maior preocupação, pois muitas delas estão em idade escolar e podem ficar de fora do sistema de ensino. Veremos de que modo é que vamos regularizar a sua situação, sendo que os adultos serão atendidos posteriormente”, disse Délio Perdigão, citado pela agência noticiosa angolana, Angop.
Por sua vez, em declarações à imprensa, em representação da comunidade cabo-verdiana, Jaime José Rodrigues, de 54 anos e residente desde os dois anos na Mabuia, mostrou-se satisfeito por este passo, que disse esperar “conheça um fim positivo”.
Segundo Jaime José Rodrigues, o problema tem sido reclamado há vários anos e afeta sobretudo dos seus descendentes, já que algumas das pessoas mais velhas conseguiram adquirir a nacionalidade cabo-verdiana através da sua embaixada em Angola.
Angop/Lusa