Angola conquista duas medalhas de ouro em Nuremberga


Angola conquistou 2 medalhas de ouro, das oito conquistadas na 72ª edição da Feira de Ideias, Inovação e Novos Produtos, que encerrou, neste domingo (07) de Outubro, em Nuremberga, na Alemanha.

Por decisão do júri, foram conquistadas na categoria de “Universidade”, de forma individual e compartilhada, duas medalhas de ouro, três de prata, e três de bronze.

Uma das medalhas  de ouro foi entregue ao projecto “Geração de Energia Eléctrica com Recurso aos Resíduos Sólidos” e a outra aos trabalhos “SIRAC” e “Uvengukwa”, pelo facto do júri ter entendido que  têm um objectivo comum.

“Geração de Energia Eléctrica com Recurso aos Resíduos Sólidos” é um projecto inovador de produção de energia com recurso ao lixo, com um sistema incorporado, com capacidade de mitigar o impacto da emissão de gases poluentes. De autoria de Herculano Simão, Felizardo Rocha e Abigail Soma, está dimensionado para atender as necessidades ambientais.

O “SIRAC” e o “Uvengukwa” são projectos de prevenção, controlo e combate à  Covid-19. O primeiro, que foi criado pelos Professores Doutores João Sebastião Teta e Carlos Mariano, um sistema integrado de rastreio e assistência da COVID-19, que permite aos utentes participarem no rastreio online, marcar e receber o resultado de testes, e, eventualmente, obter o apoio de profissionais de saúde e consequente recomendação médica. Baseia-se no conhecimento científico actual sobre os sintomas mais frequentes e tratamento da doença, para aliviar a sobrecarga nos hospitais.

O “Uvengukwa” visa prevenir o contágio da Covid-19. De autoria de Ricardo Neves, Mateus Padoca Calado, Adérito Pedro, Lukau Garcia, e desenvolvido pelo Departamento de Ciências da Computação da Universidade Agostinho Neto e pela Investigação & Inovação Tecnológica (I&IT), é uma proposta de uma plataforma capaz de comunicar os utilizadores sobre uma zona mais próxima assolada por um surto activo de doença viral e, com isso, evitar uma contaminação em larga escala.

As medalhas de pratas foram atribuídas a plataforma de doação online, denominada “Kubahna”, que teve um olhar crítico e positivo do júri.

Com a Co-autoria de Mateus Padoca Calado, Amélio Jorge, Zenildo Araújo, Paulino Jonas, Neleosmar Cambanga e Departamento de Ciências da Computação da Universidade Agostinho Neto, além da empresa Investigação & Inovação Tecnológica (I&IT), o projecto visa ligar, numa rede online, as pessoas e instituições que pretendem se envolver em causas sociais.

O desenvolvimento de um sistema de monitoramento, análise e detecção de metais pesados na água, valeu uma medalha de prata ao projecto denominado “Sistema Hidrográfico da Bacia do Rio Bengo”. Os co-autores, Gabriel Patrício, João Cussondama, Nanitamo António, Francisco Garcia, Felizardo Rocha e Anselmo Tomás, criaram-no para bases de dados inteligentes que, futuramente, poderá se transformar num catálogo digital acessível, para fins científicos.

Uma outra medalha de prata foi atribuída para os projectos “A Criança e a Água”, “Ekundja”, “Combate à Pobreza nas Comunidades” e “Likelemba Line”.

De autoria de Gabriel Luís Miguel, Marco Carlos e Denise Machado, “Efundja” é um sistema de informação geográfica que integra dados climáticos e geoespaciais, que serve de ferramenta para reduzir erosões de solo e controlo de inundações, com vista a prevenir e alertar às comunidades que vivem em zonas propícias, para esse tipo de fenómenos e às autoridades.

“A Criança e a Água”, obra do Departamento de Geologia da Universidade Agostinho Neto, é um projecto que consiste em municiar as crianças do meio rural de melhores conhecimentos sobre as propriedades da água, usando práticas comuns ou alimentos, como alternativa para a falta de laboratórios.

Os projectos ” Literacia e Inclusão  Digital nas Comunidades Carenciadas””, “Programa de Extensão Rural e Assistência Técnica” e “Ukeba”, foram premiados com bronze.

De autoria de Gabriel Patrício, Amélia Cazalma, Gabriel Luís Miguel, Mateus Padoca Calado, João Adelino Sunzia, Nanitamo Pedro e  Sociedade Civil (Maria Luzolo Pedro),  é sobre a inclusão social de pessoas das comunidades carentes e com necessidades especiais, através do ensino da informática, para estimular a capacidade cognitiva e a vivência social na comunidade e na família.

O “Programa de Extensão Rural e Assistência Técnica”  é da autoria do engenheiro agro-pecuário, Hangalo Bernardo Caritoco. Visa criar alternativas para diminuir a dependência da agricultura ao clima, apostando na irrigação sustentável, com medidas de extensão rural e assistência técnica aos agricultores familiares.

O projecto já está a ser im-plementado nas localidades de Ondjiva e Evale (município do Cuanhama, Cunene) aproveitando as “chimpacas”, para irrigação e, também, nas orlas da cintura verde do rio Cunene, concretamente nas localidades do Xangongo, Cafu, Naulila, Calueque no município de Ombadja, Calonga, Canganda, no município do Cuvelai.

O “Ukeba”, da autoria de Ricardo Neves, Mateus Padoca Calado, Evandro Bessa, Gabriel Luís Miguel,  foi criado para facilitar um ambiente anónimo, fazendo  com que as pessoas com problemas mentais e familiares se sintam mais seguros, com o apoio de um profissional especializado para fazer o acompanhamento do mesmo.

Com as medalhas conquistadas neste ano no evento, Angola tem um palmarés de 87 medalhas, sendo 21 de ouro, 31 de prata e 35 de bronze. A participação das mulheres nos projectos apresentados na feira deste ano reduziu este ano 18 por cento em relação ao ano passado em que se situou e 58.

Neste ano, os trabalhos de autoria e co-autoria de mulheres  foi de 40 por cento, como consequência da redução dos apoios, reduzindo assim o número de inscrições neste escalão. O chefe da delegação angolana  ao evento considerou a prestação de  Angola aquém das expectativas apesar das medalhas conquistadas. Gabriel Luís Miguel disse que seria possível fazer uma melhor figura do ponto de vista da organização. “Vários  motivos concorreram para isso, agora devemos repensar  a nossa postura”, disse.

Angola foi, dos 22 países presentes, o terceiro com o maior número de projectos, 15. O Sudão foi o outro representante do continente africano, num evento onde estiveram  presentes, além do anfitrião (Alemanha), expositores da China, Polónia, Rússia, Taiwan, Grécia, Bélgica, Arábia Saudita, Suíça, Irão, Áustria, Indonésia, Bósnia, Iraque, Síria, Coreia do Sul, Líbano, Vietname e Croácia.

 

Por: Eucadia Ferreira


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