Albertina Capitango diz sentir vergonha do seu passado e revela que chegou a viver no mundo da ‘prostituição silenciosa’


A actriz e activista social,  Albertina Capitango , que está ausente dos holofotes para abraçar causas sociais, foi uma das convidas da edição desta quinta-feira (18) de Abril, do programa Sexto Sentido, comandado por Dina Simão. Na ocasião, Albertina revelou que ainda jovem engravidou e viu-se obrigada a viver maritalmente com o pai do filho, o qual não demonstrava sentimento, motivo este que a levou numa viagem ‘escura’ ao mundo da prostituição, que chama ‘silenciosa’.

Ao fazer uma verdadeira viagem ao seu passado, que hoje considera como uma vergonha, a actriz angolana Albertina Capitango que é conhecida no dia-a-dia como a “Única Filha”, por ter sido uma das personagens principais da telenovela com o mesmo nome, relembrou de sua infância e do sonho de se tornar grande, enquanto ainda pequena.

“A minha mãe diz que enquanto pequena, aos 5 anos, eu dizia sempre a minha mãe que seria Miss, vou ter dois filhos e serei muito famosa, isso por acaso ela conta. Sai da província do Lubango quando tinha 9 anos, e quando cheguei para aqui felizmente digo assim, porque a minha mãe passou-me uma boa educação, na altura ela e o meu pai, e perdi-o muito cedo, meu pai que me criou esse padrasto que muito amo tenho seis irmão, e vim para capital. Aqui fui vivendo, depois tive uma gravidez na adolescência aos 16 anos “, começou por lembrar.

Questionada por Dina, se na altura em que esteve grávida teve o apoio dos familiares inclusive do pais da criança, e como eram as informações sobre sexo, sem rodeio e nem receio, a Activista Social disse que apesar de receber ajuda dos pais, viu-se excluída do meio social, abandonou a escola e chegou a ser emprega de limpeza.

“Fui apoiada sim, mas também tive exclusão social, abandono escolar,  tive muita coisa na minha vida que depois fui ser empregada de limpeza, passei por quase tudo. As informações eram mais difíceis, hoje em dia as jovens têm oportunidade de participar em várias palestras, na altura, eu nem se quer sabia o que era o planeamento, e já para começar quando o meu período menstrual apareceu pela primeira vez, a minha mãe deu-me uma surra pensando que havia me envolvido com alguém, isso já prejudicou-me e quando eu engravidei empurram-me na casa do mesmo jovem, isso também me prejudicou, porque depois não demorou fiquei novamente grávida, um ano após a primeira. Ficava fechada no quarto com um rapaz pronto, aquilo era falta de informação também e isso custou-me muito e marcou-me bastante, tanto que fui parar no mundo da prostituição sem querer”, disse.

Natural do município de Caconda, província da Huíla, aos 38 anos é uma figura que se destaca na acção da filantropia, por albergar mais de 50 crianças desfavorecidas, Albertina contou que “na altura não tinha liberdade de expressão, não podia falar certas coisas que falo hoje, e se hoje falo é para dar exemplo as jovens em casa que devem mesmo estudar, se formar, porque eu tive a exclusão, abandono escolar. Tive a segunda oportunidade na vida quando a Dina deu uma entrevista aqui com uma figura pública que não vou citar o nome, e puxava a orelha porque ela dizia que não tinha tempo de estudar, e eu também dizia a mesma coisa, porque só queira ser famosa, figura pública. Da li, aparece o Adelino Caracol e olhou para mim e disse, ‘Albertina, tu ainda tens muito tempo para estudar, vou te dar este certificado de mérito como melhor actriz mais você é vazia, vai para escola, forma-se porque tudo na vida a tempo, ele foi um mentor, e voltei a estudar”.

Formada em Psicologia Social, Albertina tem no seu curriculum académico o curso de Teologia, feito no Canadá, e frequenta o quarto ano de Relações Internacionais, no Instituto Superior Privado Miguel Mayala (ISPMM-Zango 3), finalizou a sua história ao contar que quando separou-se do pai do filho só pensava em viver tudo aquilo que não havia vivido na juventude, e chegou de mergulhar no mundo da prostituição silenciosa, mas que graça a pessoas de boa fé conseguiu sair desta vida e tornou-se numa activista social que passa seus testemunhos a outras mulheres.

“Quando tu, vais viver com alguém que não tem grande sentimento, e de repente as coisas não dão certo porque era menor de idade, mal nos conhecíamos, nos separamos depois de um tempo, e dai a cabeça virou, porque eu já estava ali com vinte e tal anos, não vivi a adolescência, a juventude então depois eu queria fazer tudo uma única vez, saltei etapa, achei que tudo era normal. Hoje está com o João, amanhã com Mingo, as pessoas pensam que prostituição é só abanar uma pasta na ilha, mas não, quando nós nos envolvemos com alguém com o intuito de que ele vai nos dar algo em troca ainda que chamamos ele infelizmente de namorado, isso chama-se prostituição. É trocar favores, e eu vivi essa realidade e graças a esse Deus, Jesus, cervo, pastores que eu conheci que educaram-me a pessoa que faziam parte desta sociedade, eu tinha consciência, mas também a pessoa entra de vagar e não acordei hoje e vou fazer isso, é ‘hoje veio este me deu X, como esse já não esta me dar nada vou pegar aquele, ah esse não esta me dar o que eu quero, vou naquele’ isso torna-se um vicio, e quando a mulher der por conta já alugou um apartamento, fez do apartamento… Isso chama-se prostituição silenciosa e muitas das mulheres ainda não deram conta disto, e é ai onde eu estava, e hoje sou activista social, dou palestras nas igrejas, falo de onde Deus me tirou, educo outras mulheres que isso não agrada a Deus, o corpo da mulher é o templo do senhor”, revelou.

Ao finalizar, a actriz contou que embora nunca tenha consumido álcool, fumou, andou com roupas indecentes que considera ‘nudez’ porque não sabia vestir em condições, fez tanta coisa na altura que hoje sente vergonha.

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