Eles são irresistíveis, até mesmo quando tiram a gente do sério. Quem nunca sonhou descobrir o que acontece dentro das cabecinhas dos bebês?
Um documentário produzido pela rede britânica BBC juntou tudo o que há de mais recente nas descobertas sobre o desenvolvimento humano – do nascimento até os 2 anos de idade. Você vai conhecer “O mundo secreto dos bebês”.
Dentro do útero, o bebê tem todas as suas necessidades supridas. O nascimento muda tudo isso.
Já na primeira inspiração, a circulação do sangue desse pequeno precisa ser desviada da placenta para os pulmões e um buraco no coração vai se fechar. Com poucos minutos de vida, o bebê parece frágil, mas não se engane. Suas mãozinhas têm muita força para agarrar. E os pés também. É um reflexo de sobrevivência herdado dos nossos ancestrais primatas.
Os olhos que mal se abrem de tão inchados são imediatamente atraídos pelo rosto humano. Bastam 20 minutos e o bebê já estará imitando o que vê. Mas o instinto mais urgente desse pequeno ser é o de procurar comida. Um leve carinho na bochecha e a boca logo se abre, na expectativa de uma boa mamada.
A comunicação nessa fase pode ser rudimentar. Mas, convenhamos, é altamente eficiente. O choro, com seu tom e timbre, é praticamente impossível ser ignorado.
Pesquisadores acreditam que o choro varia de acordo com a necessidade. Se o bebê está cansado, o choro vai começar com o som de um bocejo, algo como “auu”. Já o choro de fome é fácil de se reconhecer: o reflexo de sucção faz a língua correr o céu da boca em um som que começa com “né”.
E quando estão mamando, os bebês se aproveitam de um detalhe na anatomia deles que logo vai mudar. Nos primeiros meses de vida, a laringe fica mais em cima na garganta. Com isso, a traqueia fica quase que diretamente conectada à cavidade nasal. Isso significa que o bebê consegue sugar e respirar ao mesmo tempo.
Essa proeza ajuda a explicar uma das habilidades mais surpreendentes dos bebês: a habilidade de nadar. Basta um treinamento básico e essas fofuras ficam a vontade no ambiente aquático. É por causa de um reflexo que os bebês param de respirar assim que mergulham na água. E com a traquéia mais elevada, eles podem abrir a boca o tanto que quiserem. A água não entra nos pulmões, vai direto para o estômago.
Muito antes de engatinhar ou andar, as pernocas já sabem: são os pequenos chutes que levam para frente. Puro instinto. Vindo talvez de um passado recente, da vida dentro do útero, ou quem sabe de um passado muito distante, um reflexo evolutivo.
É um talento encantador, que não pode ser apreciado por muito tempo, porque, depois de alguns segundos, todos precisam da ajuda de um adulto para voltar a respirar.
A história de Kate desafia todos os instintos de sobrevivência descobertos até hoje. A inglesa tinha como hábito levar seu filho de 6 meses para passear em um píer.
“Fazia sol e eu decidi aproveitar o passeio com Sam para levar os cachorros também. Quando um deles parou para fazer suas necessidades, eu travei o carrinho do Sam e o coloquei perto de um muro para poder recolher a sujeira. Nunca poderia imaginar que um vento súbito seria capaz de arrastar o carrinho para dentro d’água”, ela lembra.
Kate viu o filho despencar e afundar na água, com o carrinho virado para baixo. “Os bracinhos dele se debatiam tanto e a única coisa que consegui fazer foi gritar o mais alto que podia por socorro”.
Sem pensar duas vezes, o administrador do píer pulou para salvar Sam. Mas, até que ele conseguisse retirar o bebê da água, a mãe conta que pelo menos cinco minutos tinham se passado.
Ao ver o filho, ela perdeu completamente as esperanças. Sam parecia estar morto. Saiu da água completamente pálido e mole. Uma enfermeira fez massagem cardíaca no bebê até que o socorro aéreo chegou para levá-lo ao hospital. Nem mesmo os médicos acreditavam que ele poderia sobreviver. Mas Sam surpreendeu a todos. Quase seis minutos debaixo d’água e, quatro a cinco horas depois, ele estava de pé, olhando tudo em volta.
Hoje Sam tem um ano e meio e absolutamente nenhuma sequela do trauma que sofreu. Se tivesse acontecido com um adulto, provavelmente não sobreviveria.
Então como Sam conseguiu essa proeza? Bom, em primeiro lugar, o fato de ele ainda ser muito bebê e ter a traqueia mais elevada evitou que a água inundasse os pulmões dele.
Quando ele estava recebendo a massagem cardíaca, ele vomitou toda a água que estava no estômago, não nos pulmões. E o fato do mar estar tão gelado fez com que o cérebro dele congelasse também.
A maneira dos bebês reagirem ao frio extremo foi outro fator determinante para a recuperação de Sam. Debaixo d’água, sem oxigênio, as células do cérebro começam a morrer. Mas as temperaturas muito baixas podem deter esse processo. E os bebês lidam muito bem com isso.
A partir desta habilidade, uma técnica recente passou a ser usada em UTIs neonatais. Em alguns casos, médicos deixam os bebês em estado de hipotermia para evitar danos no cérebro.
É incrível como os bebês podem ser duros na queda. Mas todos vão sempre precisar do cuidado e do carinho de seus pais. E eles sabem disso: usam a fofura como principal arma para a sobrevivência.
Quando nos deparamos com seus olhões, boquinhas e narizinhos… Estudos já mostraram que uma parte do cérebro sempre reage. E o resultado? Ficamos completamente derretidos.
Cientistas estão dedicados a descobrir como é o mundo a partir do ponto de vista dessas gostosuras.