O vírus HIV está a se tornar cada vez mais brando e demorando para causar a doença conhecida como Aids. A boa notícia para a população mundial é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Oxford e publicada na conceituada revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
A equipe demostrou esse processo em curso em África, comparando Botswana, que teve um problema de HIV por um longo tempo, e África do Sul, onde o o vírus chegou uma década depois. Alguns virologistas sugerem que, a longo prazo, o agente infector pode se tornar “quase inofensivo” se a mutação for mantida na velocidade atual.
A explicação para o fenômeno não é tão simples. O HIV é um mestre do disfarce, realizando rapidamente e sem esforço mutações para se adaptar ao sistema imunológico. No entanto, em alguns casos, o vírus infecta uma pessoa com um sistema imunológico particularmente eficaz. Ele então fica como se estivesse preso entre duas rochas, sendo achatado e passando por mutações para sobreviver.
E isso virá com um “custo” de redução da capacidade de se replicar, que por sua vez faz com que o vírus fique menos infeccioso, e demorando cada vez mais para causar Aids. O vírus enfraquecido é, então, transmitido para outras pessoas, e um novo ciclo lento de HIV começa. Drogas produzidas para retardar ou administrar o início da doença também tiveram papel fundamental na mutação.
É exatamente este processo que está a acontecer atualmente em África, continente que deu origem ao vírus e que concentra o maior número de casos de Aids no mundo. Vinte anos atrás, os pesquisadores calcularam um tempo médio de 10 anos até que o HIV cause a Aids. Mas nos últimos 10 anos, em Botswana, o prazo foi estendido para cerca de 12,5 anos.