Valdemar Rodrigues Tchipenhe de 23 anos, o jovem que está ajudar uma empresa chinesa “BGI Genomics” a combater a covid-19 na África Ocidental, instalando laboratórios para testes de ácido nucleico e a providenciar treinamento técnico ao pessoal local, é mais uma prova clara que o Governo Angolano precisa criar urgentemente um plano claro e funcional de modo a re-aproveitar os milhares de dólares que investe anualmente todos os anos com a formação de angolanos com bolsas de estudos no interior e no exterior do país.
Valdemar foi bolseiro do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudos (INAGBE), como milhares de outros angolanos, terminou a licenciatura, mas não regressou ao país para dar o seu contributo no desenvolvimento de Angola, uma vez que os vários que regressaram não encontraram nenhum plano definido, foram largados a própria sorte, perdendo o estado com isso, milhões de dólares que investiu durante toda a formação.
Em alguns países africanos, mesmo no próprio contrato assinado entre o estudante e o INAGBE, existe uma cláusula que obriga o estudante a regressar a Angola depois do fim da formação, mas não há um plano de enquadramento dos mesmos, por isso muitos preferem continuar fora contribuindo para o desenvolvimento do país que o acolheu.
Os recém licenciados deveriam prestar serviços ao estado durante um certo período de forma obrigatória como estagiário ou mesmo efectivo, numa empresa indicada pelo governo que podia ser pública ou privada, deste modo, o investidor (Estado Angolano) deveria recuperar parte do investimento feito na formação.
Ao responder uma questão sobre o seu possível regresso Angola, o jovem disse que, por enquanto, pretende continuar na China para continuar a “elevar” o seu grau académico e “adquirir” mais competências na sua área do saber.
“A melhor maneira de ampliar o meu horizonte é estar no exterior, aprendendo o máximo possível, expandir as minhas conexões e quando estiver melhor preparado, regressarei para dar a minha contribuição, mas “isso não é algo que pode ser realizado a curto prazo”, disse Valdemar.
Valdemar argumentou que, além de ter aprofundado os seus conhecimentos sobre o mundo das ciências médicas, aprendeu também lições valiosas de vida, como ter empatia pelas necessidades de outras pessoas e saber valorizar as habilidades de outras pessoas.
Mesmo estando actualmente no Togo, o embaixador de Angola na China telefonou a Valdemar Tchipenhe para o encorajar e expressar o seu apoio pela dedicação e entrega nesse projecto humanitário, e convidou o jovem a visitar a Embaixada, tão logo regresse regresse de África.
Na conversa que o jovem manteve este domingo, ao telefone, com o embaixador de Angola na China, João Salvador dos Santos Neto, o especialista angolano manifestou interesse de levar a sua experiência e a tecnologia da BGI a Angola, para apoiar os esforços do Governo no combate ao novo coronavírus.
Valdemar Tchipenhe afirmou que a quantidade de conhecimento que adquiriu ao longo desses anos foi “positivamente esmagadora” para si.
Valdemar Tchipenhe beneficiou de uma bolsa do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE), co-financiada pelo Conselho de Bolsas de Estudo da China (CSC), em 2014.
“Honestamente, eu não sabia muito sobre o mundo fora de Angola até ir para a China aos 17 anos. A China foi o primeiro país para o qual viajei. Foi também a primeira vez que saí da minha área de conforto”, afirmou.
Recentemente, a ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Sambo, disse que actualmente o Estado angolano disponibiliza, todos os meses, mil milhões, 451 milhões e 812 kwanzas para o pagamento dos complementos de bolsas de estudo para estudantes que se encontram no exterior.
Anualmente só no exterior, Angola licencia mais de 200 estudantes em diversas áreas do saber e em vários países diferentes como Cuba, Federação Russa, Portugal, Marrocos, Argélia, Ucrânia, Polônia entre outros.