A cada ano, a tuberculose atinge quase um milhão de crianças e jovens de até 15 anos no mundo. Esse número é o dobro do estimado pela Organização Mundial de Saúde em 2012. Os novos dados fazem parte de um estudo publicado pela revista científica The Lancet.
A pesquisa foi feita por cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e também mostrou, pela primeira vez, que 32% dos casos desenvolvem a tuberculose multirresistente, que não responde aos medicamentos.
O estudo chegou a esses números após revisar dados globais sobre a doença e corrigi-los, levando em consideração casos de tuberculose que não haviam sido reportados. Diante da descoberta, os cientistas reforçam a importância da prevenção da doença e alertam as famílias para os sintomas e tratamento.
A doença
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, que se propaga pelo ar e, por isso, a transmissão acontece de pessoa para pessoa. A prevenção é feita por meio da vacina BCG que o bebê deve receber ainda na maternidade.
Sintomas e tratamento
Embora a forma mais comum da doença seja a pulmonar, a bactéria pode atingir outras partes do corpo, como o intestino, ossos, gânglios, meninges e pleura, uma fina camada que reveste os pulmões.
Os principais sintomas são febre, sudorese noturna, diminuição do apetite e perda de peso, acompanhados de outros sinais de acordo com o lugar do corpo que a bactéria se instalou. Por exemplo, no caso mais comum, que é o pulmonar, a criança também vai apresentar tosse seca frequente. Se for intestinal, pode ter diarreia e dores abdominais. Se atingir as meninges, dor de cabeça ou dificuldade para mexer alguma parte do corpo estão entre os sintomas. No entanto, em geral, os sinais demoram entre duas a quatro semanas para aparecer.
Quando surgem, por serem comuns a outras doenças, os pediatras não desconfiam de tuberculose logo no início. “É preciso ter uma perda de peso significativa, febre e outros fatores recorrentes para começar a investigar se os sintomas apontam para a tuberculose”, explica a infectologista pediátrica Marina Kinoshita.
Em geral, o diagnóstico é demorado, feito por meio de exames e com a ajuda de um questionário elaborado pelo Ministério da Saúde que propõe ao médico algumas perguntas que devem ser feitas ao paciente. As questões incluem desde a presença de um parente com a doença até a frequência dos sintomas. Para cada resposta são atribuídas notas. O resultado mostra as chances de a criança estar com o problema e ajuda a orientar o pediatra.