Um estudo publicado na quarta-feira na revista científica “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia, aponta que ansiedade, ciúme ou angústia e mau humor em mulheres de meia idade podem representar mais que traços de personalidade, mas sinais de maior propensão para o desenvolvimento do Alzheimer.
“A maioria dos estudos de Alzheimer se devotam a fatores como educação, coração e tipo sanguíneo, traumas na cabeça, histórico familiar e genética”, disse Lena Johannsson, pesquisadora da Universidade de Gothenburg, na Suécia, e autora da pesquisa. A personalidade pode influenciar o risco individual para a demência pelos seus efeitos no comportamento, estilo de vida e reações ao estresse.
Para o estudo, um grupo de 800 mulheres, com idade média de 46 anos, foi acompanhado por quase quatro décadas. Periodicamente, elas faziam testes de personalidade para medir o nível de neuroticismo e extroversão e introversão, junto com testes de memória. Do total, 19% desenvolveram demência.
O neuroticismo está ligado a alguns traços de personalidade como preocupação, ciúme e mau humor. Pessoas neuróticas são mais propensas a experimentar emoções negativas, como raiva, culpa, ansiedade ou depressão. Dessa forma, aqueles com maior grau de neuroticismo são emocionalmente reativos, mais vulneráveis ao estresse. A introversão é descrita como reserva e timidez, enquanto a extroversão está ligada a sociabilidade.
As mulheres também eram questionadas se haviam experimentado algum período de estresse, que tenha durado ao menos um mês, no trabalho, com a saúde ou na família. No caso, o estresse se refere a sentimentos de irritabilidade, tensão, nervosismo, medo, ansiedade ou distúrbios do sono. As respostas foram categorizadas em uma escala de zero a cinco, com o zero representando nenhum período de estresse e cinco, com estresse constante durante os últimos cinco anos.
O estudo encontrou que mulheres que tiveram altos graus de neuroticismo — mais ciumentas, angustiadas — têm o dobro de risco para o desenvolvimento do Alzheimer em comparação com as mulheres pouco neuróticas. Entretanto, a relação depende do estresse de longa duração.
Ser reservado ou sociável não interfere no risco de demência por si, mas mulheres que eram estressadas e reservadas tiveram o maior risco de Alzheimer no estudo. Um total de 16, das 63 mulheres caracterizadas como tal, desenvolveram a doença, contra apenas 8, das 64 que eram calmas e extrovertidas.
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