Competição internacional decidiu acabar com o desfile em biquíni ou fato de banho. A partir de 2015 o objectivo é colocar o físico em segundo plano e valorizar trabalho de solidariedade social.
A famosa “prova do biquíni” começou há 63 anos, com o início do concurso de beleza. Agora termina com um objectivo bem definido: “A Miss Mundo deve ser uma porta-voz que consegue ajudar a comunidade. É mais uma embaixadora e não uma rainha de beleza” , sublinha Chris Wilmer, director do concurso Miss Mundo nos Estados Unidos à ABC.
Julie Morley, presidente da organização Miss Mundo, anunciou a decisão e explicou o porquê numa entrevista à revista Elle britânica. “Não preciso de ver as mulheres a andar para cima e para baixo em biquíni. Não faz nada em prol das mulheres e não faz nada por nenhum de nós. Não interessa se uma mulher tem um rabo maior que outra, não estamos interessados em olhar para o seu rabo. Estamos interessados em ouvi-la falar”, frisou.
A decisão faz parte de uma mudança na indústria da beleza que tem começado a evidenciar-se também em concursos do género. Em Novembro, Sylvie Tellier, directora-geral do concurso Miss França, anunciou a inclusão de um elemento intelectual na competição, ou seja, uma prova com 40 perguntas de cultura geral de dez categorias. A resposta a estas vai ser essencial para passar à fase seguinte. Então, Tellier afirmou que o objectivo era “certificar-se que o concurso não é só sobre quem fica melhor em biquíni”.
O New York Post diz que “pela primeira vez” há “boas notícias a sair do circuito do concurso de beleza”, depois de vários anos a ser atacado por feministas que acusavam o desfile em biquíni de contribuir para a mostrar a mulher como um objecto.
A história do biquíni no concurso
O Miss Mundo foi criado em 1951 como um festival de biquini, em Londres, por Eric Morley, marido da atual responsável pelo concurso Julia Morley, morto em 2000. Até 1975 a vencedora do Miss Mundo era coroada em traje de banho. Em 1976, a jamaicana Cindy Breakspeare foi a primeira Miss Mundo a ser coroada em traje de gala.
Após polêmica decorrente do desfile de maiô no Miss Mundo 1996, na Índia, o concurso deixou de apresentar essa prova no dia da final. Depois de 1997, as candidatas eram pontuadas desfilando de maiô a portas fechadas e somente apareciam em filmagens realizadas em praias e pontos turísticos dos países sedes.
No início dos anos 2000, a organização voltou a mudar as regras e a prova do biquíni passou a ser pontuada à porta fechada, mas a categoria “moda de praia” manteve-se até este ano – o último em que as 121 candidatas ao título foram avaliadas com o traje e onde a sul-africana Rolene Strauss recebeu o título.
“A organização decidiu retirar a prova de biquíni porque não é esse o caminho que queremos seguir”, explicou Wilmer à ABC. “Não é apenas um concurso de beleza, é ‘beleza com um propósito’”, disse, em alusão à prova com o mesmo nome, em que as concorrentes têm de mostrar os trabalhos realizados em instituições de solidariedade social no seu país natal.
Agora definitiva, a decisão de cancelar o desfile em biquíni não é inédita. Em 2013, a secção “moda de praia” foi alterada por respeito ao país anfitrião e à religião muçulmana, uma vez que o evento teve lugar na Indonésia. Voltou este ano pela última vez.