Algumas mulheres sonham em tornar-se mães algum dia, umas mais cedo e outras mais tarde mas por algum infortúnio nem todas conseguem alcançar este tão esperado objectivo. O termo “Mãe de Anjo“ , é atribuído à mulheres que tiveram suas gravidezes interrompidas durante o período gestacional ou no período neonatal.
Através de uma entrevista anónima, jovens com a faixa etária entre os 25 aos 35 anos com testemunhos diferentes, falaram abertamente das experiências que vivenciaram. Para uma funcionária pública de 30 anos, que perdeu o seu filho no dia em que deu à luz, explicar os transtornos emocionais que a mulher passa nessa fase é muito difícil.
“A notícia de gravidez foi uma surpresa para mim pois estava com o meu namorado há 6 meses apenas, mas no segundo mês comecei a encarar de uma forma diferente. Foi alegria e pânico ao mesmo tempo, pois não havia sido planeada, mas com ajuda da minha mãe, eu e o meu namorado começamos a preparar a vinda do bebê. Só quem já foi mãe consegue entender a ligação de uma mãe e um filho. Fui a maternidade para dar à luz e voltei de braços vazios, ninguém nunca vai conseguir preencher essa dor, é algo inexplicável “, frisou.
Outra jovem contou que durante 2 anos não conseguia falar abertamente sobre o assunto, e que sempre que alguém perguntasse optava por se calar, chegando a cogitar a hipótese de jamais voltar a ter filhos.
Por usa vez, outra mulher de 33 anos, relatou que perdeu o seu filho aos 7 meses de gravidez, mas nunca chorou. A mesma disse que até agora possui leves memórias dos momentos de gestação, principalmente do dia do aborto espontâneo. Esta contou ainda que desde então tornou-se uma pessoa impaciente, mal humorada e muito negativa, sentimentos que fez com que chegasse a ter problemas no relacionamento.
Eu fiquei irritada com tudo e todos, meu marido me irritava, principalmente quando tentasse me abraçar ou tocar na minha barriga. Eu me tornei a minha pior versão, não conseguia fazer nada de bom, minha auto estima baixou, e sentia que tudo estava a dar errado, talvez foi alguma forma que a minha mente viu para enfrentar a dor”, revelou.
De acordo com as mulheres entrevistadas, lidar com o sentimento de culpa e a sensação de vazio, foram as maiores dificuldades. Algumas afirmaram ter tido ajuda médica e outras admitiram que não precisaram de nenhuma ajuda médica, o tempo ajudou a curar as dores.
As entrevistas lamentaram também a forma como como receberam os pêsames de algumas pessoas, classificando-a como constrangedora.
“Não têm noção de como a mulher fica frágil neste momento, e palavras como, ‘Vais ter outro filho’, ‘Era bebé, a dor vai passar rápido’ , ‘Talvez não era o momento’, são frases péssimas para se usar nessa circunstância”.
Por Stela Quilalo